O Sínodo assemelha-se a “uma primavera da Igreja” que “bebe nas fontes conciliares”, afirma monsenhor José Constância

Foto: Igreja Açores

Sacerdote integrou a equipa sinodal da diocese de Angra e olha para o processo sinodal com esperança de que “mais do que relatórios surja uma nova forma de ser igreja no mundo”

A partir desta segunda-feira, até dia 12 de fevereiro, cerca de 200 pessoas vão participar presencialmente na assembleia continental que integra o processo sinodal 2021-2024, convocada pelo Papa Francisco, que se realiza em Praga, na República Checa.

Presidentes das conferências episcopais europeias, delegados indicados pela Igreja e ainda convidados vão debruçar-se sobre o documento elaborado pela Secretaria-geral do Sínodo e refletir sobre as “intuições, tensões e desafios” para a Igreja, que resultaram da primeira auscultação das dioceses de todo o mundo.

“Estamos num processo de `primavera da Igreja´. O facto de as pessoas terem sido ouvidas, de terem sido colocados problemas reais, e até fracturantes, do mundo e da Igreja e a manifestação de coragem e de vontade de os ultrapassar faz com que estejamos numa nova primavera da Igreja que vai beber diretamente nas fontes do Concílio” refere Monsenhor José Constância, pastoralista e membro da equipa sinodal diocesana.

O sacerdote recorda que mais importante do que “fazer relatórios” é toda a Igreja se deixar guiar “pelo Espírito” e “adoptar uma nova atitude”.

“Naturalmente que se sentem tensões entre os que estão amarrados à tradição e os que estão mais próximos do Concílio; tensões entre aqueles que a Igreja seja uma presença viva no mundo e outros que se arrepiam com isso; haverá quem queira enfrentar os problemas reais das famílias e de todos os que estão em situações especiais e outros que não… Estamos num processo em que o Espírito Santo é o grande agente”, diz ainda sublinhando que, nos Açores, devemos estar ao ritmo do que foi a caminhada, do que foi o contributo da diocese para a fase nacional e agora para a etapa continental”.

A etapa continental do sínodo realiza-se em Praga, República Checa, enquanto no coração da Europa se vive o drama da guerra, com uma escalada de violência entre as duas partes, Rússia e Ucrânia, como lembrou no passado mês de dezembro o presidente da Comité das Conferências Episcopais Europeias (CCEE).

“Sabemos que este Sínodo se celebra enquanto, na Europa, vivemos o drama da guerra. Quase dez meses se passaram desde o início do ataque e, não só não houve cessar-fogo como o risco de uma escalada do conflito é cada vez mais iminente”, disse D. Gintaras Grusas, presidente do CCEE e arcebispo de Vilnius (Lituânia).

A primeira parte da Assembleia, de 6 a 9 de fevereiro, será uma assembleia eclesial e contará com a presença de 200 pessoas: 156 delegados das 39 Conferências Episcopais que integram o CCEE e 44 convidados diretamente pela presidência do Conselho, como representantes das realidades eclesiais mais representativas a nível europeu.

O encontro mobiliza ainda 390 delegados online; nos dois últimos dias, de 10 a 12 de fevereiro, a reunião conta apenas com os presidentes das Conferências Episcopais.

Já o cardeal Jean-Claude Hollerich, vice-presidente do CCEE e relator-geral do Sínodo, disse aos jornalistas que o trabalho realizado até agora foi um trabalho de escuta, mostrando-se “impressionado com a quantidade de pontos de vista que vieram dos diferentes continentes

O arcebispo do Luxemburgo espera que o Sínodo ajude os católicos “a ser uma Igreja missionária”, para combater o “declínio do Cristianismo na Europa”.

As assembleias continentais vão ser desenvolvidas de acordo com a seguinte divisão: Europa (CCEE), América Latina e Caraíbas (CELAM), África e Madagáscar (SECAM), Ásia (FABC), Oceânia (FCBCO), América do Norte (EUA/Canadá) e Médio Oriente (com a contribuição das Igrejas Católicas orientais).

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a 29 de outubro de 2023; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

Segundo o Vaticano, “milhões de pessoas em todo o mundo foram implicadas nas atividades do Sínodo”, desde outubro de 2021, e “muitos sublinharam que foi a primeira vez em que a Igreja pediu o seu parecer”.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

(Com Ecclesia)

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