Obra Católica diz que ADN da UE é o mesmo dos que fogem de conflitos e perseguições

43ª Semana Nacional das Migrações decorre até 16 de agosto

A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) disse que o ADN da União Europeia é o mesmo das pessoas que são forçadas a fugir de conflitos armados e perseguições religiosas ou políticas.

“O ADN da União Europeia, que se pauta pelos valores de respeito da dignidade humana, de liberdade, de democracia, de igualdade, de Estado de Direito e de respeito dos direitos do Homem, é o mesmo ADN de todos aqueles que são forçados a fugir de conflitos armados e perseguições étnicas, religiosas e políticas”, afirmou à agência Lusa Eugénia Quaresma, diretora da OCPM.

A responsável falava a propósito da peregrinação dos migrantes ao Santuário de Fátima, que decorre entre amanhã e quinta feira, notando que “a esperança é a última que morre e, porque a Europa também é constituída pelos seus cidadãos”, manifestou “esperanças de que este ADN se manifeste em gestos e atitudes concretas”.

Questionada sobre que medidas a União Europeia deve tomar face ao problema de milhares de refugiados que tentam chegar ao velho continente, a responsável exemplificou com a necessidade de “trabalhar as relações internacionais, o diálogo e a cooperação entre Estados”.

“Precisamos encontrar vias seguras e legais para a proteção na União Europeia”, referiu ainda, observando que “há questões que são transnacionais, como o tráfico de seres humanos, e que exigem respostas concertadas a nível transnacional”.

A Organização das Nações Unidas anunciou na semana passada que cerca de 224 mil migrantes e refugiados atravessaram o Mediterrâneo em direção à Europa nos primeiros sete meses deste ano.

“O que temos à porta da Europa é uma crise de refugiados”, afirmou o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), William Spindler, numa declaração enviada por “email” à agência francesa AFP.

Quase todas estas pessoas atravessaram o mar Mediterrâneo, muitas vezes em embarcações frágeis e em condições precárias, mediante um pagamento a redes de tráfico de seres humanos, frisou o porta-voz.

Deste total, 124 mil desembarcaram na Grécia e cerca de 98 mil em território italiano.

Durante o mesmo período, mais de 2.100 pessoas perderam a vida no mar ou estão dadas como desaparecidas, acrescentou William Spindler.

“A maioria das pessoas que atravessa o Mediterrâneo são refugiados que fogem da guerra e da perseguição, e não migrantes económicos”, disse Spindler, salientando que a guerra civil síria é responsável por 38% das chegadas verificadas até julho último.

No ‘top’ de nacionalidades segue depois a Eritreia (12%), Afeganistão (11%), Nigéria (5%) e a Somália (4%).

A peregrinação dos migrantes ao Santuário de Fátima integra a 43.ª Semana Nacional de Migrações. As cerimónias são presididas pelo bispo das Forças Armadas e de Segurança, D.Manuel Linda.

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