Os Códigos de Conduta

Por Renato Moura

O Presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, no Dia da Região, anunciou, nestes exactos termos: “começamos a trabalhar para criar um Código de Conduta dos Deputados à Assembleia Legislativa dos Açores, no qual fique claro os princípios orientadores que devem presidir ao exercício do mandato”. Justificou como sendo para reforçar o compromisso com os açorianos e “assumir um serviço público ainda mais transparente”.

Quando os políticos se sentem acossados, tornou-se habitual o expediente de criar qualquer coisa para serenar os ânimos. E se houvesse por parte de todos os políticos espírito de serviço, sinceridade, liberdade, coragem, honestidade, clamar-se-ia por um Código? E bem se sabe não haver código que, só por si, garanta rigor na missão ética do exercício da causa pública.

O Armindo é um cidadão angustiado com tudo quanto ouve. Ganha o pão de cada dia com os dons que lhe couberam; leva às costas o enorme rádio/gravador para guardar as «músicas» da filarmónica; protesta por haver muitos ladrões em Lisboa; espera pelo regresso do escudo; acredita que só o Salazar limpava do poder governantes por causas onde o seu entendimento o leva (e às vezes acerta!). Ele descobriu – como me disse um dia destes – a forma de acabar com a guerra na Ucrânia: “era o Sol descer tanto, tanto, para queimar todos os russos!!!”. Para ele era esse o bom “código de conduta” a criar!

Creio que o maior e melhor Código de Conduta foi criado pelos ensinamentos e práticas de Jesus, escrito há mais de 2000 anos e dá pelo nome de Evangelho. O mal está quando cada um de nós não manifesta disponibilidade para o cumprir, seja por não o conhecer, ou não querer; mais grave se nem sequer estão disponíveis para o cumprir aqueles ordenados para a missão de o ensinar e continuar a obra de Deus.

De lá para cá inventaram imensas regras, tantas delas afastadoras, condenatórias, todas criadas por estruturas dirigidas por homens falíveis. Algumas visaram criar dentro da Igreja “reis”, alguns menores e outros maiores, não obstante, como os do seu tempo desejavam, Jesus ter recusado ser rei deste mundo (Jo 18,36). E a tentação pelo poder persiste!

Jesus esclareceu: “Nenhum profeta é bem recebido na sua terra” (Lc 4,24). E se for um bispo?

A demora em nomear Bispo para os Açores estará em encontrar algum que siga o “Código” do Evangelho? Ou a dificuldade na Igreja portuguesa está em “Quem olha para trás, depois de deitar mão ao arado” (Lc 9,57-62)? Ou a escolha de Bispo cede a outro desditoso “código de conduta”?

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