Panamá vai acolher próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2019

Edição internacional da JMJ decorre pela primeira vez na América Central

O Papa anunciou hoje que o Panamá vai acolher a próxima edição internacional das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), em 2019.

Esta é a quarta vez que a JMJ é acolhida por uma cidade americana, mas a primeira em que vai decorrer na América Central.

“A providência de Deus precede-nos sempre. Pensai que já decidiu qual será a próxima etapa desta grande peregrinação iniciada em 1985 por São João Paulo II. E, por isso, é com alegria que vos anuncio que a próxima Jornada Mundial da Juventude – depois das duas a nível diocesano – será em 2019, no Panamá”, disse Francisco, antes da conclusão da Missa de encerramento da JMJ 2016, que decorreu desde terça-feira na cidade polaca de Cracóvia.

O anúncio foi saudado por uma delegação de jovens panamianos, com bandeiras do país, que estavam junto ao altar, para assinalar o momento.

O Panamá é o país com maior percentagem de católicos na América Central: os cerca de 2,6 milhões de batizados representam 80% da população; a Igreja Católica está organizada, territorialmente, nesta nação, em oito dioceses.

Em 2015, o Papa criou cardeal o bispo D. José Luis Lacunza Maestrojuán, de David (Panamá).

O presidente panamiano, Juan Carlos Varela Rodriguez, marcou presença em vários dos eventos da JMJ em Cracóvia, incluindo a Missa conclusiva.

No final da JMJ 2016, o Papa quis agradecer a todo os que contribuíram para o seu “bom êxito” e aos jovens que encheram Cracóvia com o “entusiasmo contagiante” da sua fé.

“Foi uma oxigenação espiritual, para poderdes viver e caminhar na misericórdia quando voltardes aos vossos países e às vossas comunidades”, disse, no ‘Campus da Misericórdia’, espaço ao ar livre que acolheu os eventos finais da JMJ de Cracóvia.

“Pela intercessão de Maria, invocamos o Espírito Santo para que ilumine e sustente o caminho dos jovens, na Igreja e no mundo, a fim de serdes discípulos e testemunhas da Misericórdia de Deus”, concluiu depois de lhes ter pedido na homilia que proferiu que rejeitassem o «doping» do sucesso e desafiou-os a acreditar numa “humanidade nova”, sem ceder às aparências ou ao egoísmo.

“Não vos deixeis anestesiar a alma, mas apostai no amor belo, que requer também a renúncia e um ‘não’ forte ao doping do sucesso a todo o custo e à droga de pensar só em si mesmo, nas próprias comodidades”, realçou, na homilia da celebração que, segundo a organização, reuniu mais de 1,5 milhões de participantes no ‘Campus da Misericórdia’, um espaço ao ar livre situado 15 km a sul de Cracóvia.

Francisco partiu de um episódio narrado no Evangelho, em que um homem chamado Zaqueu sobe a uma árvore para ver Jesus e acaba por recebê-lo em sua casa, convertendo-se.

“O encontro com Jesus muda a sua vida, como sucedeu ou pode sucede cada dia com cada um de nós”, observou.

O Papa defendeu que os jovens católicos devem saber viver sem tristeza nem pensamentos negativos sobre si próprios, fugindo das “liturgias mundanas do aparecer, da maquilhagem da alma”.

“Tu és importante! E Deus conta contigo por aquilo que és, não pelo que tens: a seus olhos, não vale mesmo nada a roupa que vestes ou o telemóvel que usas; não Lhe importa se andas na moda ou não, importas-Lhe tu. A seus olhos, tu vales; e o teu valor é inestimável”, apontou.

A intervenção falou da tristeza como um “um vírus que infecta e bloqueia tudo” e apresentou o “segredo da alegria”: “Não apagar a boa curiosidade, mas colocar-se em jogo, porque a vida não se deve fechar numa gaveta”.

“Perante Jesus, não se pode ficar sentado à espera de braços cruzados; a Ele que nos dá a vida, não se pode responder com um pensamento ou com uma simples SMS”, prosseguiu o Papa.

Francisco afirmou depois que a fé na misericórdia e numa humanidade nova, “que não aceita o ódio entre os povos, não vê as fronteiras dos países como barreiras”, pode levar a que muitos se riam dos jovens católicos e os vejam como “sonhadores”, mas pediu-lhes que “não desanimem”.

O Papa realçou depois a importância da Confissão na vida espiritual dos católicos.

“Fiai-vos na recordação de Deus: a sua memória não é um disco rígido que grava e armazena todos os nossos dados, mas um coração terno e rico de compaixão, que se alegra em eliminar definitivamente todos os nossos vestígios de mal”, recomendou.

No final da JMJ 2016, iniciada na terça-feira, Francisco disse que este evento deve continuar agora na casa de cada um.

“Rezemos em silêncio, fazendo memória, agradecendo ao Senhor que aqui nos quis e encontrou”, concluiu.

Antes da Missa, o Papa abençoou duas estruturas de solidariedade – um centro de dia para idosos e um centro da Cáritas – que vão ficar como testemunho da JMJ 2016, cujo tema foi a misericórdia.

Já no início da celebração, foi anunciado que os participantes neste evento vão oferecer uma ambulância à Cáritas do Líbano, para ajudar no apoio aos refugiados sírios no país.

As JMJ nasceram por iniciativa de João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

Este é um acontecimento religioso e cultural que reúne jovens de todo o mundo durante uma semana.

Cada JMJ realiza-se, anualmente, a nível diocesano no Domingo de Ramos, alternando com um encontro internacional a cada dois ou três anos numa grande cidade: em 1987, Buenos Aires (Argentina); em 1989, Santiago de Compostela (Espanha); em 1991, Czestochowa (Polónia); em 1993 em Denver (EUA); em 1995, Manila (Filipinas); em 1997, Paris (França); em 2000, Roma (Itália); em 2002, Toronto (Canadá); em 2005, Colónia (Alemanha); em 2008, Sidney (Austrália); em 2011, Madrid (Espanha); Rio de Janeiro (Brasil), em 2013; e Cracóvia (Polónia), em 2016.

A diocese de Angra fez-se representar através de pequenos grupos integrados nas delegações de outras dioceses ou movimentos. Destaque, no entanto para dois jovens açorianos que durante esta Jornada tiveram um papel de relevo na representação desta igreja local insular: Bruno Godinho, das Quatro Ribeiras na ilha terceira que representou Portugal a convite da Pastoral Juvenil Nacional na receção ao Papa e André Patrão, voluntário, natural da Relva, em Ponta Delgada, que foi o responsável pela edição dos conteúdos em português nos media digitais que transmitiram estas jornadas para todo o mundo.

(Com Ecclesia)

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