O Papa apela, num texto divulgado hoje, a uma transição ecológica baseada em menor consumo, alertando para a “situação ambiental verdadeiramente crítica” em que a humanidade se encontra.
“A transição ecológica pode representar uma área em que todos nós, como irmãos e irmãs, cuidemos da casa comum, apostando no facto de que, ao consumir menos coisas e viver relações mais pessoais, entremos pela porta da nossa felicidade”, indica, no prefácio do livro ‘O gosto de mudar – A transição ecológica como caminho para a felicidade’
A obra une Gaël Giraud, religioso jesuíta, e Carlo Petrini, fundador da ‘Slow Food’.
Francisco sublinha que os autores identificam o consumo excessivo e o desperdício elevado como “o mal da vida contemporânea”, apontando como alternativas “o altruísmo e a fraternidade”.
O texto renova os alertas do Papa para uma “economia que mata”, em particular os mais pobres.
“Não podemos ficar indiferentes: seríamos cúmplices da destruição da beleza que Deus quis dar-nos, na criação que nos cerca”, escreve.
Francisco sublinha a necessidade de mudar estilos de vida “predatórios” e de reconhecer que os recursos naturais são “finitos”, elogiando a liderança, neste campo, das novas gerações.
“Os jovens fazem-nos a partir da realidade quotidiana, com escolhas responsáveis relativamente aos alimentos, transportes e consumo”, aponta.
O Papa associa-se ao protesto dos mais novos contra um “sistema económico iníquo para os pobres e inimigo do ambiente”.
“Os jovens educam-nos, relativamente a isto: escolhem consumir menos e viver mais as relações interpessoais; estão atentos ao adquirir produtos feitos segundo regras estritas de respeito ambiental e social”, observa.
A obra ‘O gosto de mudar’, de 156 páginas, publicada em conjunto pela Livraria Editoria Vaticana e ‘Slow Food’ Editor, é uma das novidades do Salão Internacional do Livro da cidade italiana de Turim, que começa esta quinta-feira.
Carlo Petrini, que se assume como agnóstico, é sociólogo, ativista italiano e fundador da Associação ‘Slow Food’; Gaël Giraud, jesuíta, economista, teólogo e matemático, é professor da Universidade de Georgetown em Washington (EUA).
Francisco elogia a sua “análise fundamentada e convincente do modelo económico-alimentar”, com propostas práticas para “o desenvolvimento económico sustentável”.
“Criticam o conceito de bem-estar que está atualmente em voga, segundo o qual o PIB é um ídolo ao qual todos os aspetos da convivência são sacrificados: respeito pelo meio ambiente, respeito pelos direitos, respeito pela dignidade humana”, acrescenta.
A obra aprofunda a proposta de transição ecológica a partir da Encíclica ‘Laudato si’ (2015)’, assinada pelo Papa Francisco.
(Com Ecclesia)