Projecto de recuperação da Ermida de Nossa Senhora das Dores candidato ao Orçamento Participativo Regional da Cultura

 

Foto:Igreja Açores/CR

Iniciativa, depois de aceite, será votada em “pé de igualdade” com todas as outras e poderá ser votada , ”por crentes e não crentes”, diz Pedro Gomes proponente desta candidatura

A obra de recuperação da Ermida de Nossa Senhora das Dores, sufragânea da Igreja de São José em Ponta Delgada,  pode vir a integrar o conjunto de projectos em votação no orçamento Participativo Regional. A candidatura foi apresentada por Pedro Gomes, elemento da equipa da Pastoral da Cultura de São José e o projecto de estudo feito por Paulo Brasil. A candidatura está em fase de avaliação e a decisão técnica, da sua inclusão para a fase seguinte de votação, surgirá em maio.

Esta proposta, inédita no contexto de uma obra ligada a património da Igreja,  “pretende recuperar o património edificado, móvel e integrado, promover as artes e proporcionar o acesso de novos públicos aos bens culturais, especialmente aos jovens e aos que visitam os Açores, num compromisso entre a cultura e a oferta turística” pode ler-se no texto da candidatura apresentada a título individual porque a legislação impede candidaturas de pessoas colectivas ou organizações.

“A proposta é para a recuperação da Ermida de Nossa Senhora das Dores, com valorização do património, da memória e da identidade açoriana, numa dimensão de ética patrimonial, conjugada com uma proposta de turismo cultural, inserindo o espaço desta Ermida num circuito visitável de todo o conjunto edificado da Igreja Paroquial de São José, em Ponta Delgada”, justifica-se ainda, nomeando-se o âmbito da recuperação que inclui a exposição de peças de arte sacra do património móvel e integrado da Paróquia de São José, a definição de percursos visitáveis e a musealização de espaços.

A Ermida de Nossa Senhora das Dores foi construída ao longo do último quartel do século XVIII e pertencia ao Convento de São Francisco, edificado sobre a Ermida de Nossa Senhora da Conceição, ainda no século XVI. Foi o último edifício religioso a ser construído em Ponta Delgada, ao gosto do barroco final, notando-se uma simbiose com o neoclassicismo, visível no programa decorativo do seu interior. Do ponto de vista estrutural e espacial, a Ermida insere-se no modelo seguido para a edificação das igrejas conventuais femininas, composta por três corpos distintos de diferentes dimensões, correspondentes à sua nave, capela e sacristia. As coberturas são de telhados de duas águas, mantendo-se o modelo construtivo da contígua igreja, com excepção da sacristia e antecâmara. Tem duas entradas, a principal pela galilé da Igreja de São José, com a grelha ornamental em ferro forjado e outra lateral, com saída para o Campo de São Francisco.

Para os proponentes e para o pároco, padre Duarte Melo, esta candidatura é também uma forma diferente de recuperar o património que uma comunidade “tão pequena como a de São José, com pouco mais de duas mil pessoas não conseguiria suportar”.

“É uma combinação da democracia direta, que está disponível e que representa também uma nova forma de atuação da Igreja” referiu Pedro Gomes.

“O património é a base da identidade e por isso precisa de ser cuidado e a Igreja tem muito património mas nem sempre cuida bem dele” disse ainda o sacerdote reconhecendo que neste programa comemorativo dos 500 anos do Convento de São Francisco há uma intenção de chamar a atenção para a necessidade “de cuidar e tratar com critério” a recuperação do património nas suas diferentes expressões, chamando “à atenção de todos, sobretudo dos agentes culturais”.

“Todos os anos temos de estar atentos aos retelhos, às janelas e portas, mas também a outros problemas de maior volume, que exigem outro tipo de atuação”, referiu. É o caso “desta ermida e da Ermida dos terceiros que tem os retábulos a cair”, concluiu.

As comemorações dos 500 anos do Convento de São Francisco, em Ponta Delgada, arrancam já domingo, dia 17 de março, com uma celebração eucarística presidida pelo bispo de Angra, na Igreja de São José, às 11h00.

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