“Protagonismo aos leigos: a sinodalidade nas Flores tem sido trabalhada neste sentido”

Ouvidor, padre Nuno Fidalgo, teme efeitos da pandemia na vida da Igreja, sobretudo na catequese e na organização das festas populares

“O padre não é a síntese dos ministérios nem tem de ser o fazedor de tudo, mas o ministério da síntese”, afirma o padre Nuno Fidalgo a propósito da sinodalidade trabalhada a partir das Flores, nestes últimos três anos de caminhada diocesana. O Ouvidor das Flores é o convidado do programa de Rádio Igreja Açores, que vai para o ar este domingo, depois do meio-dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.

“Os leigos têm que se mobilizar e assumir o protagonismo; a sinodalidade tem sido trabalhada neste sentido” esclarece o sacerdote que é o moderador dos três sacerdotes que gerem in solidum as 11 paróquias e o curato da ilha, juntamente com um diácono permanente.

Entre os desafios está o desenho de uma pastoral familiar que integre os recasados ou os que vivem em união de facto.

“Chamá-los à igreja; que eles se achem uma mais valia e não alguém que a Igreja exclui” diz o sacerdote.

“Queremos criar uma pastoral familiar onde possamos trabalhar as Equipas de Nossa Senhora, ter lugar para os recasados ou aqueles que vivem em união de facto”, acrescenta.

A ilha das Flores é a única onde foi experimentada uma situação de gestão in solidum onde os padres ao serviço não tinham uma paróquia fixa. Hoje, o sacerdote reconhece que este modelo tem vantagens mas também desvantagens na medida em que não há um rosto único em cada comunidade e isso por vezes pode dificultar a proximidade.

“A pastoral é difícil de fazer e tem de ser sucessivamente adaptada ; é um desafio: comunidades pequenas, envelhecidas onde a pastoral não pode ser organizada nos vários carismas e missões e vamos ter de ir adaptando às situações” adianta ainda.

“As comunidades que participam são mais velhas e à medida que vão perdendo a capacidade de se deslocarem o banco fica vazio” refere lembrando a “dispersão geográfica e a pequenez das comunidades”.

Nas Flores existe a paróquia mais pequena dos Açores- Mosteiro com 20 pessoas- e “isso dificulta muito qualquer desenvolvimento pastoral”. Desta pandemia sobrou ainda alguma “desmobilização” sobretudo na catequese e, agora teme-se o impacto também na mobilização das pessoas para a organização das habituais festas dos padroeiros.

A ilha das Flores possui 11 paróquias e um curato; é uma das ilhas mais despovoadas e é servida por três sacerdotes, com a particularidade de todos eles estarem a cumprir a sua primeira colocação depois da ordenação, todos eles há menos de 10 anos.

A ilha que tem dois concelhos é ainda servida por um Centro Social e Paroquial, em Santa Cruz e duas Misericórdias em Santa Cruz e nas Lajes.

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