«Que as armas se calem definitivamente» em Alepo, pede o Papa

Mensagem «urbi et orbi» evoca vítimas das guerras e conflitos internacionais

O Papa denunciou hoje no Vaticano as os sofrimentos da guerra civil na Síria, pedindo o fim definitivo do conflito, em particular na cidade de Alepo.

“É tempo que as armas se calem definitivamente, e a comunidade internacional se empenhe ativamente para se alcançar uma solução negociada e restabelecer a convivência civil no país”, declarou Francisco, na sua Mensagem de Natal, proferida desde a varanda da Praça de São Pedro e transmitida em direto para dezenas de países, incluindo Portugal.

A tradicional intervenção de 25 de dezembro, que antecede a bênção solene ‘urbi et orbi’ [à cidade (de Roma) e ao mundo], evocou os “povos que vivem atribulados pela guerra e duros conflitos” e sentem mais intensamente o “desejo da paz”.

“Paz aos homens e mulheres na martirizada Síria, onde já demasiado sangue foi derramado. Sobretudo na cidade de Alepo, cenário nas últimas semanas de uma das batalhas mais atrozes, é muito urgente assegurar assistência e conforto à população civil exausta, respeitando o direito humanitário”, pediu o Papa.

A intervenção recordou depois o conflito israelo-palestino, convidando os dois povos a escreve uma “página nova da história, onde o ódio e a vingança cedam o lugar à vontade de construir, juntos, um futuro de mútua compreensão e harmonia”.

Francisco lembrou da “guerra e brutais ações terroristas” no Iraque, a Líbia e o Iémen, bem como o sofrimento humano em várias regiões da África, particularmente na Nigéria, “onde o terrorismo fundamentalista usa mesmo as crianças para perpetrar horror e morte”.

Sudão do Sul, República Democrática do Congo, Mianmar, o leste da Ucrânia, a Colômbia e a Venezuela foram outros países elencados, com apelos à reconciliação e à estabilidade política.

“Possa a Península Coreana ver as tensões que a atravessam superadas num renovado espírito de colaboração”, acrescentou Francisco.

O Papa deixou uma saudação especial a quem perdeu entes queridos “por causa de brutais atos de terrorismo”, que “semearam pavor e morte no coração de muitos países e cidades”.

A mensagem deixou votos de paz para os excluídos, quem passa fome, as vítimas de violência, os deslocados, migrantes, refugiados e vítimas do tráfico de pessoas.

“Paz aos povos que sofrem por causa das ambições económicos de poucos e da avidez insaciável do deus-dinheiro que leva à escravidão. Paz a quem suporta dificuldades sociais e económicas e a quem padece as consequências dos terremotos ou doutras catástrofes naturais”, prosseguiu.

Francisco concluiu com uma saudação às crianças, sobretudo às que estão “privadas das alegrias da infância” por causa “da fome, das guerras e do egoísmo dos adultos”.

Milhares de pessoas marcaram presença na Praça de São Pedro, para um encontro que começou com votos de “bom Natal”.

“Neste dia de alegria, todos somos chamados a contemplar o Menino Jesus, que devolve a esperança a todo o ser humano sobre a face da terra. Com a sua graça, demos voz e demos corpo a esta esperança, testemunhando a solidariedade e a paz”, disse Francisco, desde a varanda central da Basílica de São Pedro.

A tradicional intervenção de 25 de dezembro, que antecedeu a bênção solene ‘urbi et orbi’ [à cidade (de Roma) e ao mundo], foi transmitida em direto para dezenas de países, incluindo Portugal.

“A vós, queridos irmãos e irmãs, congregados de todo o mundo nesta Praça e a quantos estão unidos connosco de vários países através do rádio, televisão e outros meios de comunicação, formulo os meus cordiais votos”, declarou Francisco, já após a recitação da oração do ângelus, uma novidade deste ano.

Antes, o Papa tinha elogiado todos os que trabalham diariamente, “com discrição e paciência, em família e na sociedade” para construir “um mundo mais humano e mais justo”, com paz para todos.

“Queridos irmãos e irmãs: um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado, é o Príncipe da Paz. Acolhamo-Lo”, pediu.

Francisco explicou que “o poder deste Menino, Filho de Deus e de Maria”, não é um poder baseado na força e na riqueza, mas é o “poder do amor”.

“É o poder que regenera a vida, que perdoa as culpas, reconcilia os inimigos, transforma o mal em bem. É o poder de Deus. Este poder do amor levou Jesus Cristo a despojar-Se da sua glória e fazer-Se homem; e levá-Lo-á a dar a vida na cruz e ressurgir dentre os mortos. É o poder do serviço, que estabelece no mundo o reino de Deus, reino de justiça e paz”, prosseguiu.

A intervenção concluiu-se com votos de “Bom Natal para todos!

(Com Ecclesia e Lusa)

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