Reflexões e decisões pertinentes na Igreja portuguesa

Por Renato Moura

A sociedade “é um corpo doente, sem valores, sem Deus, sem horizontes, sem transcendência” e “o mundo de hoje precisa de testemunhas, de mestres que comprovem com a vida a verdade das suas afirmações teóricas”, são afirmações que resgatei do Bispo de Vila Real, D. Amândio Tomás, proferidas por ocasião da renovação do compromisso dos professores de Educação Moral e Religiosa Católica.

Noticiou-se que o Bispo considera a missão do professor de EMRC difícil, mas apesar disso sublime e preciosa.

Na realidade o que se pretenderia era que os professores – todos os professores – existissem para formar e não apenas para transmitir conhecimentos, o que frequentemente acontece. Ao professor de EMRC exige-se muito mais, principalmente nesta sociedade onde crescem crianças e jovens, cabendo-lhe um papel decisivo na descoberta dos valores e dos princípios. Compete-lhes sinalizar o ímpeto desenfreado pelo lucro e pelos bens que levaram ao actual mundo materialista, discernir o desejo natural e saudável de êxito, da tentação de domínio e poder a qualquer custo.

Um professor de EMRC ensina às mulheres e homens de amanhã que o ser é muito importante que o ter e isso contribui decisivamente no combate ao ódio e à corrupção, meios frequentemente abusados para atingir o poder e a posse. As aulas de EMRC são veículos de transmissão de valores morais e humanísticos e ser cristão é sobretudo respeitá-los; e que descansem os pais, pois que inscrever filhos nessa disciplina não os amarra e não os impede de tomarem livre e conscientemente as suas opções futuras. Esta é disciplina para viver e não para brilhar, nem para a nota, que pais outrora maus alunos, apesar disso hoje licenciados, por vezes querem cruelmente impor aos filhos!

É um sinal excelente que a Igreja portuguesa esteja a formar os docentes de EMRC para serem, como ensinou D. Amândio Tomás, convictos de que tem mais impacto nos alunos “o bom exemplo e a recta conduta, que muito belos discursos”.

Anunciou-se agora a decisão do Departamento de Catequese, do Secretariado Nacional de Educação Cristã, de uma reestruturação nos cursos de formação de catequistas; mais um magnífico sinal da Igreja. Congratulo-me pelo facto de as reflexões que aqui deixei, na semana passada, irem na linha do que ora se preconiza: abandonar um modelo mais escolar para passar a um modelo mais testemunhal; mais do que ensinar doutrinas, ajudar a que estas passem à vida; atender às condições dos espaços de catequese; e uma preparação muito grande dos catequistas.

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