Terceirenses procuram “conforto e consolo da Mãe” na Festa da Serreta

Santuário acolhe milhares de peregrinos entre hoje e domingo


Milhares de peregrinos de toda a ilha Terceira, nos Açores, começam a dirigir-se ao Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, na Serreta, onde decorrem de hoje até terça feira as festas de Nossa Senhora dos Milagres, no Santuário da Serreta.

O novenário de preparação para a festa começou no passado dia 1, com pregações de diferentes sacerdotes, nomeadamente, os cónegos Manuel Carlos (pároco e reitor deste santuário), Hélder Fonseca Mendes e Gregório Rocha; os padres Emanuel Valadão Vaz e Jacob Vasconcelos, Frei António Vinhas, mas o ponto alto é este fim de semana, com a missa e procissão solenes no domingo, a partir das 16h00, presididas pelo Cónego João Maria Mendes.

Hoje à meia noite, por exemplo, será vez do Movimento dos Cursilhos de Cristandade terminar a sua peregrinação a pé e celebrar a Eucaristia no Santuário. Mas também por lá já passaram as Equipas de Nossa Senhora e nesse dia a pregação foi assegurada pelo assistente da equipa de sector, o Cónego Gregório Rocha.

“Ir à Serreta não é apenas ir atrás de uma imagem; há uma concepção de Mãe que a Igreja ao longo dos anos atribuiu a Nossa Senhora que nos leva a esta ânsia de encontrar algum conforto, ternura e carinho para colocar no regaço Dela aquelas que são as preocupações, os sofrimentos da vida das pessoas”, refere o sacerdote em declarações ao Igreja Açores.

Também o reitor do Santuário, Cónego Manuel Carlos Alves Pe Manuel Carlos recorda que “as dificuldades da vida que vamos encontrando, motivadas por causas diferentes, nos levam a peregrinar”.

“ Sempre que atingimos os nossos limites e não nos queremos dar por vencidos temos de pedir auxilio a Deus e recorremos a Nossa Senhora para que interceda junto de Deus para que venha em nosso auxilio” refere o sacerdote lembrando que esta peregrinação “mais do que uma penitência é um louvor e um gesto de gratidão para com Nossa Senhora por ser nossa intercessora”.

Depois do fim de semana, na segunda feira, dia 11, terá lugar o Bodo de Leite (com o tradicional pic nic das famílias e tourada à corda) e no dia seguinte realiza-se a procissão em honra de Santo António, que encerrará as festas deste ano.
Estas festas são as mais importantes da ouvidoria da ilha Terceira e remontam ao século XVII.

O historiador terceirense Ferreira Drumond, baseado numa tradição oral, refere que a ida da imagem de Nossa Senhora dos Milagres para a Serreta se deve a um sacerdote de nome Isidro Machado que se refugiou neste extremo ocidental da ilha e construiu uma pequena ermida colocando lá a imagem de Nossa Senhora com o Menino ao colo. Por morte do padre, a imagem foi recolhida na igreja paroquial de então, a Igreja das Doze Ribeiras.

A devoção popular pela Nossa Senhora dos Milagres está ligada a fases cruciais da história terceirense. Por exemplo o século XVIII, quando Portugal se viu envolvido na guerra entre a França e a Espanha contra Inglaterra.

Encontrando-se a ilha Terceira “desprovida de fortificações e pouco defensável”, as autoridades militares e civis ao depararem com a imagem de Nossa Senhora dos Milagres, na Igreja das Doze Ribeiras, formularam um voto de se “tornarem seus escravos e promoverem-lhe festa anual se a ilha não sofresse qualquer investida inimiga. E porque assim sucedeu se firmou o voto, subscrito pelos principais cavalheiros militares e eclesiásticos, autoridades e algumas damas de fé”.

A primeira festa foi celebrada a 11 de setembro de 1764, altura da fundação da Irmandade dos Escravos de Nossa Senhora, mas a sua realização não foi continua. Só a partir de 1842, altura em que foi construída a igreja paroquial da Serreta e elevada a paróquia 20 anos depois, a Festa foi ganhando novos contornos atraindo muitos angrenses. Desde então a festa realiza-se todos os anos.

 

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