“Trabalhemos por uma nova primavera de vocações para bem da Igreja nos Açores e no mundo”, pediu D. Ivo Scapolo

Núncio Apostólico presidiu à Missa Crismal na Sé. É a primeira vez que a cátedra é ocupada depois da última missa presidida por D. João Lavrador, a 1 de novembro

O representante da Santa Sé em Lisboa presidiu esta tarde à Missa Crismal na Sé de Angra, reunindo à sua volta o Cabido Catedralício, o Colégio de Consultores e a esmagadora maioria dos presbíteros da ilha Terceira.

Na ocasião desafiou as famílias a pensar o futuro da Igreja e a investir seriamente na pastoral vocacional.

“Convido todas as famílias a incentivar e a entusiasmar os filhos na entrega a Deus” disse o Núncio Apostólico.

“A diocese de Angra tem uma alta percentagem de sacerdotes jovens, que um dia também vão envelhecer, e por isso não podemos descansar” disse ainda o prelado ao sublinhar que os Açores “são uma terra bendita pelo Senhor”, com muitas vocações dadas à igreja em Portugal e no mundo, mas “é preciso continuar”.

“Temos de rezar para que haja uma nova primavera de vocações para o bem da Igreja e do mundo”, disse ainda.

Durante a homilia da Missa Crismal, depois de já ter presidido a duas celebrações em que os presbíteros das restantes ilhas renovaram as suas promessas sacerdotais, D. Ivo Scapolo insistiu no desafio aos sacerdotes para que sejam “generosos”, “disponíveis para o diálogo”, “misericordiosos”, “humildes” e “simples” , “ partilhando os bens próprios com os outros”, procurando ser “fieis colaboradores do grande plano de salvação de Deus para a humanidade.”

Numa homilia em que pediu aos fieis, repetidamente, carinho e oração pelos sacerdotes, D. Ivo Scapolo dirigiu-se sobretudo ao clero pedindo-lhe que aproveite este “momento único” em que expressa a sua comunhão e vínculo com o bispo, sinal da unidade da Igreja local, para se configurar a Cristo.

“Ele é o ponto de referência fundamental a razão de ser da nossa vida, o nosso salvador. É nele que devemos confiar, é a ele que devemos seguir e imitar”.

“Queridos Presbíteros e Diáconos, esta é a nossa identidade; este é o imenso dom que – não obstante as nossas limitações e sem méritos especiais – nos foi concedido: fomos escolhidos, consagrados, enviados para colaborar com generosidade, fidelidade e zelo na difusão do Reino de Deus. Grande é este privilégio: receber de maneira especial os dons do Espírito Santo; grande é a missão que nos foi confiada: servir o Corpo Místico de Cristo para a salvação eterna das almas; grande é a responsabilidade” disse.

O prelado deixou, para o efeito, o itinerário: uma vida de oração e meditação pessoal; com um desejo permanente de “conversão, purificação e santificação” e um exame de consciência permanente “para dar respostas adequadas às necessidades materiais e espirituais dos fieis”.

“É necessário ter a coragem e a generosidade de examinar a própria vida de pastores para ver se somos como nos pede a Igreja e, de maneira especial, o Papa Francisco: empáticos e misericordiosos para dar respostas adequadas às necessidades materiais e espirituais das pessoas; generosos em pôr à disposição dos outros o tempo, as capacidades, e o próprios bens; disponíveis para o diálogo, a coordenação, a transparência, o discernimento, num estilo sinodal; castos e sóbrios no estilo de vida a fim de ser-mos dignos e aptos para trabalhar, de maneira eficaz e credível, em favor de algo tão precioso como é o bem das almas das pessoas que nos foram confiadas”, concluiu

A homilia, que no essencial referiu os mesmos pontos das que foram proferidas em Ponta Delgada e na Horta, na Missa da renovação das promessas sacerdotais do clero local, lembrou ainda que a santificação de muitas pessoas depende do “testemunho, da coerência e do zelo apostólico” dos sacerdotes.

Nesta Missa, que precede o ínicio do Tríduo Pascal, o bispo, rodeado pelo seu presbitério e pelo seu povo, consagra o santo crisma e benze os outros óleos, que, depois, serão usados, por toda a diocese, na administração dos vários sacramentos. Desta feita, estando a diocese em sede vacante, depois da saída do 39º bispo de Angra para Viana do Castelo, o administrador diocesano convidou o Núncio para presidir a estas celebrações tão importantes na vida dos cristãos.

Nas orações da Missa Crismal é onde melhor se descreve a intenção sacramental do crisma. O bispo pede a Deus que o abençoe e o consagre e assim «infunda nele a força do Espírito Santo com a qual ungiu sacerdotes, reis, profetas e mártires»: a força e a vida do Espírito, que penetra no cristão com a mesma suavidade e efeitos benéficos com que o faz o unguento do crisma.

Na celebração da Missa Crismal, põe-se também em relevo a unidade eclesial à volta do bispo e a origem pascal de todos os sacramentos.

A Missa Crismal desta noite na Sé inicia uma série de celebrações a que o Núncio presidirá na catedral diocesana até domingo, em Angra do Heroísmo, nomeadamante a Missa da Ceia do Senhor, com o rito do Lava-pés, esta quinta-feira; depois a Paixão na sexta-feira e a Solene Vigília Pascal, no sábado.

Paralelamente, o arcebispo Italiano, embaixador da Santa Sé em Portugal, participará numa série de encontros e visitas para conhecer esta igreja local insular, contando-se entre elas uma apresentação de cumprimentos ao Representante da Republica para os Açores, o presidente da União das Misericórdias e a Presidente da Cáritas Diocesana.

Esta tarde, depois da reunião com o Colégio de Consultores, o prelado inaugurou o novo Centro Pastoral Beato João Baptista Machado, situado numa zona do edifício do Seminário que foi construído para albergar serviços e atividades pastorais na ilha Terceira.

 

 

 

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