Uma eterna surpresa!

Por Renato Moura

Temos visto partidos, comentadores, jornalistas e outros cidadãos perplexos com as afirmações do Presidente da República a propósito dos (apenas!) 424 casos de pedofilia no seio da Igreja, já registados pela Comissão Independente. E com o seu telefonema ao Presidente da Conferência Episcopal. Apesar de antes não pareceram surpreender-se com a reunião do Presidente com a Comissão Independente, cuja necessidade nunca compreendi e cujo risco de má interpretação ocorreu.

Como é possível figuras tidas por relevantes, ainda não terem percebido que Marcelo é uma eterna surpresa?!

Escrevi, neste Site, em 03.11.2017: “Conhecendo, pela sua actuação, ao longo dos anos, Marcelo Rebelo de Sousa, nas suas múltiplas funções, entre as quais jornalista, político e sobretudo comentador de todo o tipo de acontecimentos, será impossível alguém querer adivinhar-lhe agora actuações linearmente” e acrescentei: “Granjeou crédito para agora poder debitar críticas. Há muito que não se esqueceram que Marcelo foi eleito sabendo dizer o que a maioria das pessoas gostam de ouvir. E isso lhe continuará a garantir a confiança actual e futura. Para evitar próximos sobressaltos, creio que era bom que todos se habituem a que Marcelo será uma eterna surpresa.” Escrevi ainda: “Também Marcelo Rebelo de Sousa, ainda que titular de um órgão de soberania, por demais unipessoal, não se deveria surpreender, nem sequer enfadar e muito menos polemizar, por causa de comentários pessoais discordantes sobre as suas posições ou actuações. Nem tão pouco pode esperar que os partidos sempre aplaudam”.

Mais tarde, em 28.02.2019, também aqui partilhei: “O Presidente fala permanentemente de tudo, das suas funções e dos demais factos com que é confrontado” e “Do povo, a maioria ainda desculpa um Marcelo popularucho”.

Escrevendo sobre cooperação institucional (11.03.21) opinei ser indevida se alguma entidade invade poderes, como é ilegítima se o faz para desresponsabilizar, proteger ou desculpar alguma instituição ou pessoas. E sobre o facto de os poderes (em geral) se melindrarem (17.06.21) afirmei: “Há quem não goste de se sentir contestado ou sequer confrontado, mesmo perante algum erro crasso, no exercício do poder”.

Depois disto e do mais aqui escrito ao longo dos anos, sinto cumprido o dever de partilhar reflexão.

Marcelo informou-nos que ele é como é; e que o Presidente não vai mudar! Optou por se declarar católico.

Jesus ensinara: “A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado, mais se lhe pedirá” (Lc 12,48).

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