Unidos aos “irmãos” da Ucrânia e às vítimas da Covid-19 devotos do Senhor Santo Cristo são convidados a rezar pela paz e pelo fim da pandemia

Reitor do Santuário apela à responsabilidade de todos e lembra que o importante é estar “junto do Senhor”

Responsabilidade e oração são porventura as duas palavras que melhor definem o apelo do reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, cónego Adriano Borges, dirigido aos fieis que no próximo fim-de-semana rumem ao campo de São Francisco para as grandes festas da cidade de Ponta Delgada, que há dois anos não se realizam por causa da pandemia.

Numa entrevista ao programa de rádio Igreja Açores, que vai para o ar este domingo, no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, depois do meio-dia, o sacerdote, que desde o inicio tem pugnado por um maior ambiente de oração em torno do Santuário e por uma alteração ao programa das festas visando uma maior proximidade entre os fieis e a Imagem, afirma que têm existido alguns problemas de comunicação desta mensagem.

“A responsabilidade que eu assumo pessoalmente foi uma responsabilidade pensada; as decisões que tomámos não são levianas, embora no inicio a comunicação não tenha sido feita de uma forma mais correta. Quando comunicámos as nossas intenções, ainda havia muitas incógnitas relativamente à pandemia. Entretanto, a situação foi evoluindo e nós adaptámo-nos” refere.

“A ideia continua a ter validade:  no momento em que nós vivemos- guerra na Ucrânia, saída de uma pandemia, muitos familiares a fazer o luto pela perda de entes queridos, numa altura de crise sísmica em são Jorge, a ideia seria de oração e ação de graças, de silêncio, de recolhimento”, explica.

“Se durante um fim de semana pudéssemos estar mais concentrados na oração, mais próximos do Senhor Jesus também não seria totalmente mau” esclarece, ainda, reconhecendo que “o importante é que todos possam vir”.

“Nos  últimos dias alterámos um pouco este programa de intenções acrescentando um sentido festivo, de convívio entre as pessoas; aliás nunca quisemos dissociar as duas coisas, mas consideramos que tem de haver um comportamento responsável de todos”, diz deixando o apelo ao “uso de máscara” sobretudo nos momentos de maior aglomeração.

“Que toda a gente seja responsável; quem tiver problemas de saúde e esteja numa condição mais vulnerável deve tomar cuidados redobrados”, apela ainda lembrando que a festa terá transmissão em direto quer no canal público de televisão quer nas redes sociais do santuário e do Sítio Igreja Açores.

Sobre o sentido da festa, o cónego Adriano Borges centra-se no simbolismo da Imagem:  “A imagem faz-nos reconhecer o grande amor da entrega até à morte, como foi a entrega de Jesus, mas associa à imagem de dor e sofrimento, ao mesmo tempo, uma grande serenidade como que a dizer que está ali de livre vontade por um amor maior. Por outro lado nesta imagem, na forma como nos olha e como nós vemos o sangue que sai dos seus olhos,  percebemos o seu sofrimento e nele buscamos as forças que precisamos para ultrapassar o nosso”.

“Sentimos quase um mimetismo com o nosso próprio sofrimento: não temos uma coroa de espinhos mas há muitos espinhos que nos ferem o coração e nos ferem a alma; não temos uma cana para nos baterem na cabeça mas há muitas formas de bater e por isso acho que é um pouco esta forma de relação de proximidade com o nosso sofrimento”, esclarece.

“É óbvio que não podemos ficar na imagem do sofrimento e devemos dar o salto: a ressurreição, uma nova humanidade, uma nova vida e um novo tempo”, refere.

Nesta entrevista o Reitor avança ainda o programa concreto da festa, que antecipa num dia a saída da Imagem e a sua entrega à Irmandade, proporcionando duas vigílias em vez de uma como era habitual na Igreja de São José, de sábado para domingo; fala da oração por todos aqueles que entregam as suas intenções ao zelo da Irmãs Reparadoras da Santa Face; do potencial evangelizador do Santuário e das especiais intenções presentes na festa deste ano, dois anos depois da última edição.

“Este ano a festa terá um sentido de  ação de graças pelo fim da pandemia, pelo regresso da nossa presença:  viemos senhor, é o tema das festas , como uma espécie de um grito da alma e do coração de todos os peregrinos(…) Por outro lado, gostava que esta festa fosse vivida com um grande sentido de solidariedade através da oração com o povo da Ucrânia, as vítimas inocentes desta guerra…pedindo ao senhor que nos ajude a restituir a Paz na Europa e em todos os lugares do mundo onde ela existe”, conclui.

A entrevista pode ser ouvida aqui e na Antena 1 Açores, Rádio Clube de Angra a partir do meio dia deste domingo.

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