Vaticano: Papa desejou aos jovens russos “a vocação de serem artesãos da paz”

Foto: Vatican News
Francisco incentivou-os a serem “semeadores de sementes de reconciliação, neste inverno de guerra”

O Papa Francisco desejou aos jovens russos “a vocação de serem artesãos da paz em meio a tantos conflitos”, associando-se, por vídeo, ao 10º encontro nacional da juventude católica da Rússia, durante mais de uma hora.

“Desejo, jovens russos, a vocação de serem artesãos da paz no meio de tantos conflitos e tantas polarizações que vêm de todos os lados e que assolam o nosso mundo”, disse o Papa, divulgou hoje a Sala de Imprensa da Santa Sé.

Francisco interagiu com cerca de 400 jovens, reunidos na Basílica de Santa Catarina, em São Petersburgo, que estão a participar no 10º encontro nacional de jovens católicos da Rússia, até 27 de agosto.

O encontro, que começou esta quarta-feira, tem o mesmo tema da primeira edição internacional da Jornada Mundial da Juventude em Portugal, que se realizou de 1 a 6 de agosto, em Lisboa: “Maria levantou-se e foi apressadamente” (Lc 1,39).

“Convido-os a serem semeadores de sementes de reconciliação, pequenas sementes que, neste inverno de guerra, não brotarão no solo congelado por enquanto, mas florescerão em uma futura primavera. Como disse em Lisboa: ‘Tenham a coragem de substituir os medos por sonhos; substituam os medos por sonhos, não sejam administradores de medos, mas empreendedores de sonhos! Deem-se ao luxo de sonhar grande!’”, desenvolveu o Papa, retomando três ideias a partir do lema da JMJ Lisboa.

Os 17 jovens russos que participaram na JMJ Lisboa 2023 vão “oferecer o seu testemunho aos jovens presentes no encontro de São Petersburgo, para que estes, por sua vez, o possam levar às paróquias e comunidades em toda a Rússia”, explicou Oksana Pimenova, responsável pela pastoral juvenil da Arquidiocese de Moscovo.

Participam neste encontro nacional jovens de 54 cidades da Federação Russa, acompanhados por cinco bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas responsáveis ​​pela pastoral juvenil, alguns viajaram, por exemplo, nove mil quilómetros até São Petersburgo: “É lindo”, assinalou Francisco destacando o sinal da unidade desta juventude.

A partir do episódio bíblico do encontro entre Maria e Isabel, “testemunhas do poder transformador de Deus”, o Papa salientou que o Senhor chama pelo nome, antes dos talentos de cada um, dos méritos, “antes das trevas e feridas”.

“Quando Deus nos chama, não podemos ficar parados, devemos nos levantar e com pressa, porque o mundo, o irmão, o sofredor, aquele que está ao lado e não conhece a esperança de Deus precisa recebê-la, precisa receber a alegria de Deus. Levanto-me apressadamente para levar a alegria de Deus.”

O portal ‘Vatican News’ informa que, durante mais de uma hora, o Papa ouviu dois testemunhos, fez o seu discurso e respondeu a algumas perguntas, como o papel da diplomacia nos conflitos e as uniões matrimoniais de pessoas de diferentes confissões.

Francisco afirmou que “o amor de Deus é para todos e a Igreja é de todos” e convidou os jovens russos a recordar o Evangelho sobre o convite do dono do banquete nas encruzilhadas para levar o Evangelho a todos, destacando que Jesus “queria dizer: ‘todos, todos, todos’”.

“A Igreja é uma mãe de coração aberto que sabe como acolher e receber, especialmente aqueles que precisam de mais cuidados. A Igreja é uma mãe amorosa, porque é o lar daqueles que são amados e daqueles que são chamados. Quantas feridas, quanto desespero podem ser curados onde alguém se sente acolhido; É por isso que sonho com uma Igreja onde ninguém esteja em excesso, onde ninguém seja extra. Por favor, que a Igreja não seja uma alfândega para selecionar quem entra e quem não entra. Não: todos, todos. A entrada é gratuita e, então, cada um ouve o convite de Jesus para segui-lo, para ver como está diante de Deus; e para esse caminho há os ensinamentos e os sacramentos.”

O Papa salientou também a importância de serem “construtores de pontes entre gerações, reconhecendo os sonhos” dos seus antecessores, dos avós, e salientou que “a aliança entre gerações mantém viva a história e a cultura de um povo”.

(Com Vatican News e Ecclesia)

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