“Vivemos um momento de viragem, como se tivéssemos a recomeçar e isso dá-nos esperança”

Eulália Brum é catequista em Rabo de Peixe, a maior paróquia dos Açores

A paróquia de Rabo de Peixe vive este fim-de-semana a preparação da festa de Nossa Senhora do Rosário, cujo dia da festa é a 2 de outubro. E fá-lo, um ano depois de ter ficado sem pároco.

“Este momento é de viragem, um partir do zero” refere Eulália Brum, professora e catequista.

“Sentimos que estamos a recuperar o dinamismo próprio desta comunidade e isso dá-nos alegria e esperança” refere esta leiga comprometida também noutros movimentos da paróquia de Rabo de Peixe, a mais populosa dos Açores com cerca de 10 mil habitantes, mil dos quais a frequentar os diferentes anos da catequese.

“Desde  a chegada do novo administrador paroquial, padre Nuno Pacheco de Sousa,  tem havido sempre alguma iniciativa na paróquia e de facto tem sido muito trabalho, mas também sentimos que ele já vestiu a camisola, por assim dizer”.

Numa entrevista ao programa de rádio Igreja Açores, que vai para o ar este domingo depois do meio-dia, no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, Eulália Brum elogia o trabalho desenvolvido por outros sacerdotes, em especial pelo ouvidor, padre Vitor Medeiros, que depois da saída do padre Zanon da paróquia assumiu a liderança de um grupo de sacerdotes que nunca privou a paróquia de ter a celebração da Eucaristia.

Ainda assim, refere, foram “tempos difíceis mas também desafiadores”.

“Rezávamos para que nos dessem outro padre mas também para sermos mais tolerantes” acrescenta.

“O último ano foi difícil, mas criou sede e ajudou-nos a pensar de forma diferente. A saída do padre foi um trambolhão mas nunca nos sentimos abandonados” esclarece lembrando que “um padre faz muita falta na comunidade e nós temos de ser mais tolerantes e perceber que um padre é um homem que tem falhas como nós, que temos de o aceitar e trabalhar com ele”. Acresce que “muitos com diferentes desculpas afastaram-se, mas temos muita esperança que já tenham terminado estes problemas”.

Questionada sobre o trabalho com jovens, sobretudo oriundos de meios sociais menos estruturados, Eulália Mendes recorda que esse não é o  principal problema da evangelização.

“Aqui o problema não é o índice de pobreza, que é um desafio,  mas sabermos ir ao encontro das necessidades dos jovens. A estrutura familiar, o meio ambiente é importante mas eu é que tenho de me adaptar ao grupo que tenho e descobrir o caminho para o fazer com eles”, afirma.

“Sei sempre qual é o ponto de partida e sei qual é a meta, mas o caminho vai variando muito e isso não é por causa exclusivamente das condições materiais mas por causa de cada pessoa que deve ser vista na sua singularidade”.

“As crianças de Rabo de Peixe são iguais a todas as outras crianças e nós temos de estar atentas às suas necessidades que podem ser materiais, concerteza, mas podem ser afetivas, de relação, de amizade…”.

Nesta conversa, conduzida por Tatiana Ourique, Eulália Brum fala da paróquia de Rabo de Peixe, “grande mas muito dinâmica”, com “realidades distintas” mas que tem “uma vivência em comunidade muito interessante”, com gente “sempre pronta a arregaçar as mangas”.

“A pandemia deixou mossas, sem dúvida, mas agora temos de recuperar o tempo perdido. A pandemia não pode ser uma desculpa para não caminharmos juntos”, conclui.

A entrevista vai para o ar este domingo, depois do meio-dia, no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.

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