Bispo de Angra desafia novo sacerdote a ser um padre do seu tempo em diálogo com o mundo

Diocese tem novo presbítero. É natural do Faial e vai servir a paróquia da Conceição em Angra

O bispo de Angra, na sua homilia, apelou a Pedro Lima, sacerdote ordenado este sábado na Igreja Matriz da Horta, na ilha do Faial, que seja um padre do seu tempo- que “é exigente mas aliciante e maravilhoso”- e que nunca se deixe resignar.

“Estamos no mundo concreto não para nos conformarmos com ele mas para lhe oferecermos, em atitude de compreensão e de diálogo, a Boa Noticia que é Jesus Cristo”, disse D. João Lavrador.

Lembrando a oração de Jesus ao Pai- «não peço que os tires do mundo mas que os livres do maligno» (Jo. 17, 15)- o bispo de Angra destacou a importância da igreja, enquanto instituição, estar em permanente diálogo com o mundo.

Citando a Gaudium et Spes, D. João Lavrador recorda que “é dever da Igreja investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho para que assim possa responder, de modo adaptado em cada geração, às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e da futura, e da relação entre ambas”, o que implica uma atenção redobrada para “conhecer e compreender o mundo em que vivemos, as suas esperanças e aspirações, e o seu carácter tantas vezes dramático”.

E, adianta, que para exercer esta “grande e maravilhosa missão” que lhe é confiada são necessários alguns atributos como a determinação de “configurar a vida com as exigências da Igreja”.

Durante a homilia da Missa da ordenação, a primeira a que preside enquanto bispo residencial da diocese insular, D. João Lavrador alertou, por isso,  o jovem sacerdote para a necessidade de rejeição de “qualquer tentação de funcionalismo” devendo optar “decididamente por ser o Pastor à imagem do Bom Pastor que a todos acolhe que a todos serve, com todos se compadece e com todos se alegra”.

“Que o teu lema seja de serviço desinteressado à semelhança de Jesus Cristo e de disponibilidade para estar onde o Senhor te queira para testemunhares a beleza do Seu Reino”, precisou.

“Afasta qualquer propósito de ativismo. Que toda a tua ação seja norteada pela oração, nela comece e a ela encaminhe”, acrescentou destacando que só quem aceita “formar-se na escola de Jesus orante, é que poderá formar os outros na mesma escola”.

Por outro lado, salientou, a necessidade de Pedro Lima não se deixar levar pelo individualismo.

“Não te deixes levar pelo individualismo. Integraste na comunhão de um presbitério. Esta é uma das fundamentais exigências para o ser e para o agir do presbítero”, afirmou reconhecendo que hoje, mais do que nunca, exige-se este sentido de comunhão.

“A vida pastoral que responda aos tempos de hoje exige sacerdotes, radical e integralmente imersos no mistério de Cristo, e capazes de realizar um novo estilo de vida pastoral, marcado por uma profunda comunhão com o Papa, os Bispos e entre si próprios, e por uma fecunda colaboração com os leigos, no respeito e na promoção dos diversos papéis, carismas e ministérios no interior da comunidade eclesial”, prosseguiu.

“Realço este novo estilo de vida pastoral marcado pela comunhão em presbitério e como incentivador de carismas e ministérios, configurando uma nova maneira de ser comunidade cristã que responda à exigência evangélica e aos tempos de hoje”, disse ainda.

“A Igreja convida a servir a comunidade cristã em atitude de caridade pastoral que se traduz na experiência de discípulo missionário que abre as portas da Igreja para se colocar em saída ao encontro das periferias existenciais”, concluiu.

Depois deixou uma mensagem para a assembleia, dirigida especialmente à comunidade que o novo sacerdote vai servir, na Conceição, em Angra do Heroísmo , que deve ver “não só um homem que os acolhe, que os escuta com todo o gosto e lhes testemunha uma sincera simpatia, mas também e sobretudo um homem que os ajuda a ver Deus, a subir em direção a Ele”, recuperando uma ideia expressa na encíclica Pastores Dabo Vobis.

De resto, o prelado começou por lembrar que a vida do presbítero “não se compreende e não se pode viver como fonte de alegria permanente senão à luz da Cruz como sinal visível do Amor pleno e da Vida Nova que dela brotam”, com “entrega total, comunhão inseparável e doação sem reservas”.

“Eis o caminho que nos conduz à verdadeira liberdade. Liberdade em relação às coisas, em relação às pessoas e em relação a si próprio. As exigências da vida cristã e sobretudo sacerdotal, de pobreza, castidade e obediência situam-se nesta dimensão da exclusividade no amor e da autêntica liberdade”, frisou D. João Lavrador.

A ordenação do novo padre diocesano decorreu na igreja Matriz da Horta, cidade de onde é natural.

De ressalvar que D. João Lavrador prosseguiu o estilo de descentralização , desenvolvido pelos seus antecessores, que nem sempre celebraram as ordenações sacerdotais na catedral diocesana.

Pedro Lima, ordenado diácono em Janeiro, nasceu nas Angústias, na Horta, e teve como referência Monsenhor Júlio da Rosa, entretanto falecido. Na ordenação foi apresentado ao Bispo pelo reitor do Seminário Episcopal de Angra, Pe Hélder MIranda Alexandre, tendo participado na celebração praticamente quase todos os seus colegas de Seminário.

Oriundo de uma família católica, é o segundo de dois irmãos. Estudou seis anos no Seminário Episcopal de Angra e garante que o que lhe tira o sono é “ser incapaz” de compreender, exercitar e levar o Evangelho às pessoas.

Este domingo, dia em que celebrará a sua missa nova na igreja onde foi batizado, é o convidado do Programa de Rádio Igreja Açores, que vai para o ar ao meio dia na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra, numa entrevista conduzida por Tatiana Ourique.

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