Iniciativa foi conduzida pela religiosa da Aliança de Santa Maria, Ir. Ana Luísa Castro

O Santuário Diocesano de Nossa Senhora da Paz, em Vila Franca do Campo, recebeu esta quinta-feira o VI Diálogo no Tempo sobre a Esperança no Imaculado Coração de Maria, que foi orientado pela Irmã Ana Luísa Castro, Vigária-geral da Aliança de Santa Maria.
A iniciativa diocesana do Jubileu da Esperança, promovida pelo Instituto Católico de Cultura, em parceria com o Santuário e a ouvidoria de Vila Franca do Campo, propôs uma reflexão sobre Maria como aquela que aponta sempre para Deus, apresentando o seu coração imaculado como refúgio e caminho para Deus.
No coração da fé cristã, a esperança não é mero otimismo ou desejo vago, mas uma certeza firme enraizada na fidelidade de Deus afirmou a religiosa que, inspirada na mensagem de Nossa Senhora de Fátima e refletindo sobre a tradição espiritual grega que remonta ao mito de Pandora, onde a esperança permanece na caixa após todos os males se libertarem, esta virtude teologal cristã adquire uma profundidade teológica única.
Ao contrário da esperança incerta da mitologia, “a esperança cristã não depende da força humana, mas da promessa divina”. “Não desanimes… eu nunca te deixarei”, garantia dada a Lúcia de Jesus por Nossa Senhora numa das Aparições em Fátima, em 1917, “ressoa como um eco da fidelidade de Deus”, que convida à confiança. Esta esperança não é um poder mental, mas uma “âncora escatológica” que aponta para a vida eterna, um futuro que não é apenas transcendente, mas imanente — um tempo de colheita onde a graça se realiza no concreto da vida.
“Em Fátima, Maria ensina a viver esta esperança com profundidade. Ela traz a luz, mostra o caminho e leva sempre para Deus. A sua maternidade espiritual não elimina o sofrimento, mas oferece segurança: o coração imaculado de Maria não é um escudo contra a dor, mas um espaço onde Deus se revela e consola” afirmou a religiosa da Aliança de Santa Maria.
“A esperança tem assim duas dimensões: uma imanente, que se manifesta na vida concreta e nas pequenas vitórias da fé; e outra escatológica, que aponta para a eternidade e para o dom imerecido do Céu”, disse a Ir. Ana Luísa Castro. Trata-se da alusão a uma maternidade que não garante a ausência de sofrimento, mas a presença constante de amor e companhia divina, referiu ainda a vigária-geal da Aliança de Santa Maria.
Maria, como principal intercessora na terra, convida à reparação e à vivência de um amor que “não é comercial ou condicionado”, acrescentou ainda alertando para a ideia de que a relação com Deus não se baseia em trocas, mas na entrega amorosa de quem acolhe a Sua promessa.
“Os pastorinhos de Fátima são testemunhas vivas dessa esperança, lembrando que o céu não é para os privilegiados, mas para todos os que abrem o coração”, disse a Irmã Ana Luísa Castro.
Assim, “a esperança cristã é mais do que um sentimento — é uma postura existencial, alimentada pela confiança numa promessa eterna e na certeza de que, mesmo no sofrimento, nunca estamos sós. É luz que brilha no caminho e chama a espalhar essa luz pelo mundo” disse ainda a religiosa.
O encontro integrou ainda uma palavra de abertura do Reitor do santuário e do Diretor do Instituto Católico de Cultura, terminando com um apontamento musical do Coro Prioral da Igreja Matriz de São Miguel Arcanjo.
A irmã Ana Luísa Castro é médica, natural de Guimarães. Estudou Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Professou votos perpétuos como religiosa da congregação religiosa Aliança de Santa Maria, em 2017, precisamente no Centenário das Aparições de Fátima. Dois anos antes, em 2015, concluíra a licenciatura em Ciências Religiosas pela Universidade Católica Portuguesa/Lisboa.
‘Diálogos no Tempo’ – ciclo de conferências, tertúlias ou debates – da Diocese de Angra, organizado pelo Instituto Católico de Cultura, em parceria com as ouvidorias, paróquias, serviços e movimentos da Igreja, são momentos, abertos a crentes e não crentes que se destinam a conhecer, aprofundar e discernir sobre as razões da Esperança cristã, a partir dos sinais dos tempos que nos revelam uma humanidade ferida e faminta de amor, que procura um sentido para a vida.
Os encontros ‘Diálogos no Tempo’, que estão a realizar-se mensalmente ao longo do Ano Santo 2025, no Jubileu da Esperança, têm como finalidade propor o encontro com Cristo, através do diálogo, do debate e do aprofundamento teológico, respeitando sempre a liberdade individual de cada um.
Os ‘Diálogos no Tempo’ são itinerantes . No dia 11 de junho, os Diálogos no Tempo rumarão ao Santuário Diocesano do Senhor Bom Jesus, no Pico para uma conferência sobre a força evangelizadora da Piedade Popular; em setembro, realiza-se no Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo; em outubro na ilha das Flores; em novembro na Horta, e termina com uma tertúlia no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, na ilha Terceira, em dezembro.