Jovem licenciado em comunicação idealizou o mar de flores a partir do símbolo do jubileu da Esperança

Aos 28 anos, Paulo Henrique Teixeira Moura assume pela primeira vez a coordenação da ornamentação do Coro Baixo, um dos espaços mais emblemáticos das festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada. Há 14 anos que ajuda nas festas- “uns anos a fazer arranjos outros a varrer o chão porque era preciso”- , este ano colocaram-lhe nas mãos o maior desafio: conceber e idealizar o “jardim” do Senhor, isto é, um dos espaços mais nobres do Convento que é o coro baixo e a capela onde a Imagem está durante todo o ano e de onde sairá para a festa.
“Todos vão lá ter a sua marca. Eu apenas vou coordenar mas sempre aberto a sugestões e à ajuda de todos. Fazer isto não é encargo de uma pessoa só” refere com humildade e ao mesmo tempo até uma certa fragilidade, assumindo que “tremeu” quando lhe disseram que era a vez de assumir o comando num espaço profundamente “simbólico e eespiritual”.
Inspirado nas ondas do mar que enformam o símbolo do Jubileu da Esperança, elemento central deste ano santo, Paulo Henrique, que é licenciado em Relações Públicas e Comunicação e tem um mestrado em património, idealizou um “mar florido” dentro do convento, com arranjos que sobem e descem, simbolizando os altos e baixos da vida.
“Ao fim das tempestades existe sempre um farol que nos guia”, afirma. Esse farol será representado pela própria imagem do Senhor Santo Cristo, colocada de forma a manter o protagonismo entre os arranjos florais.
A decoração contará ainda com jarras de prata — símbolo da fragilidade humana e da necessidade de nos oferecermos em plenitude a Deus.
“Devemos dar sempre o nosso melhor”, explica o responsável, que destaca que essas jarras, de onde transbordam flores, representam as dádivas e a graça divina presente em cada pessoa.
Licenciado em Relações Públicas e Comunicação pela Universidade dos Açores e mestre em Gestão e Valorização de Património Histórico e Cultural pela Universidade de Évora, Paulo Henrique não é florista de formação, mas vê nesta missão uma extensão da sua fé e dedicação. Cresceu com a devoção ao Senhor Santo Cristo, inspirada pela sua avó, e encara o desafio como uma oportunidade para dar o seu contributo pessoal, ao mesmo tempo que assiste à abertura do santuário aos mais jovens.
Apesar da beleza dos arranjos idealizados, Paulo Henrique Moura garante que a imagem do Senhor nunca será ofuscada.
“As flores quase que parecem fugir contra a parede, porque algo maior está no meio”, diz.
A simplicidade da apresentação visa garantir que a atenção se mantenha na figura central da festa: “o Senhor que sofre por nós”.
Na sexta-feira, quando a grade se abrir e os peregrinos voltarem a encontrar-se com o Senhor no seu jardim, Paulo Henrique espera apenas uma coisa: “Que esteja tudo do Seu agrado”. Como todos os anos, olhará para a imagem e procurará perceber se ela está feliz.
“E acho que ela estará ainda mais feliz, porque vai sair e vai para o meio do seu povo”, conclui.
A equipa liderada por Paulo Henrique contará com 27 voluntários que organizarão também a Igreja de Nossa Senhora da Esperança.
“Haverá lugar para todos terem um apontamento seu neste grande mar de flores” refere o jovem.
A Igreja e o coro baixo serão abertos ao olhar dos peregrinos a partir das 21h00, de sexta-feira, dia 23, depois da inauguração das Luzes na fachada do Convento.
As festas do senhor santo Cristo dos Milagres são conhecidas também pelos inúmeros tapetes de Flores que percorrem as ruas da cidade por onde a imagem peregrina no domingo, depois das 16h30. Milhares de pessoas percorrerão estas ruas acompanhando o Senhor santo Cristo e outras tantas participarão vendo a procissão nas janelas ou nos passeios. Esta procissão dura em média 4 horas.