Coroação da Silveira inaugura Impérios de Pentecostes na ilha do Pico

Esta manhã decorreu a missa de coroação do único império de sábado no Pico

Foto: Igreja Açores/MM

Realizou-se esta manhã a procissão e coroação do único Império de Pentecostes realizado ao sábado na ilha do Pico, com uma eucarista presidida pelo ouvidor, cónego João António Bettencourt das Neves.

O Império da Silveira resulta de um voto em face de dificuldades e neste império “não há imperador” pois são todos irmãos; é um dos impérios mais antigos e possui a coroa mais antiga dos Açores, que foi recuperada nos 300 anos deste império, assinalados em 2023.

Durante o dia de hoje são distribuídos cerca de  2500 pães e distribuídas sopas por todos os lugares do Império.

Nas horas mais amargas da vida é ao Senhor Espírito Santo, que os homens do Pico ou de qualquer lugar dos Açores, entregam as suas lágrimas de dor, que se transformam em prece. Transcendendo a mera vertente religiosa, este culto assume-se como parte integrante da vivência social dos picarotos, marcando igualmente a sua cultura, nos mais diversos domínios: na palavra escrita, sob os vários géneros literários desde a poesia à prosa; na arquitetura dos vários impérios e altares existentes em toda a ilha; no trabalhar a pedra basáltica ou a tradicional calçada com motivos do Espírito Santo; na música, litúrgica e popular, coral e instrumental, principalmente dos foliões e filarmónicas; nas rendas e bordados, especialmente os estandartes e bandeiras lavrados por delicadas mãos; na pintura e na azulejaria; na toponímia das freguesias e vilas; até mesmo na ourivesaria própria das coroas do Espírito Santo, entre outros imensos aspetos que marcam a cultura deste povo ilhéu.

O voto que deu origem a este Império da Silveira data de 1720 altura, em que depois de uma forte crise sísmica, se criou o mistério da Silveira, no concelho das Lajes. Três anos depois foi erguido o Império que se assume hoje como um dos mais antigos da Ilha do Pico na cronologia do povoamento desta ilha. Todos os anos este Império organiza a sua festa cativando a presença de muitos forasteiros.

Na Silveira a presença dos foliões mantém-se intacta com duas gerações o que não acontece em muitos lugares. Outra particularidade deste Império são as sopas, para as quais toda a população é convidada e participa cantando “vivas e louvores ao Senhor Espírito Santo”, com cânticos próprios.

 

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