A confusão entre moralidade e legalidade não facilita debate sobre temas importantes da sociedade atual como a Vida

Pe Jacob Vasconcelos aproveita novenário preparatório da festa de Santa Maria Madalena para falar sobre aborto e eutanásia

O mais jovem sacerdote da diocese de Angra está a pregar o novenário da festa de Santa Maria Madalena, cuja solenidade será presidida pelo bispo de Angra no próximo sábado, e não tem dúvidas de que “é preciso mudar mentalidades” para que a vida humana “tenha um valor inviolável”.

A partir da liturgia do dia, que na terça feira falava de Moisés e do esforço da sua mãe em preservar a vida do filho, o Pe. Jacob Vasconcelos apontou o dedo à sociedade atual  que “despreza a vida humana”, que a “trata como um objecto e tantas vezes é reduzida a lixo”.

“Ontem, a mãe de Moisés fazia de tudo para que o filho pudesse crescer. Hoje, há gente que quer ver os filhos morrer pelo simples facto de quererem o seu bel-prazer, o seu conforto e bem-estar” afirmou o sacerdote destacando que é incompreensível que, nos nossos dias, existam tantos esforços para preservar a vida dos animais e tão poucos para garantir a preservação da dignidade humana.

“Não se percebe que haja, nos nossos dias, maior preocupação em tratar os animais do que em cuidar a vida humana. Eles têm a sua importância mas ela é relativa por relação ao valor inviolável e sagrado da vida humana”, precisou o sacerdote.

“Não se percebe a preocupação em procurar a vida nos outros planetas quando se despreza a vida que temos neste e que merece todos os nossos cuidados, do primeiro ao último instante. Quando a este assunto, irmãos, há muitos equívocos”.

Para o novo sacerdote  um deles é a confusão entre o legal e o moral.

“Confunde-se o legal com o moral. Nem tudo o que é legal é moral e , casos como o aborto e a eutanásia estão a confundir muitas mentes mal informadas” adianta ainda.

“Por muito que os governos declarem estas práticas legais, elas nunca hão de ser morais aos olhos de Deus. Não nos iludamos, não nos deixemos enganar. Que o egoísmo de meia dúzia não confunda o coração simples de muitos”, conclui.

“Há muitas mentalidades a mudar! Às vezes, é preciso uma vida para o conseguir! Não desistamos de o fazer. Batalhemos pela vida, o primeiro e grande dom que o Senhor nos deu. Defendamo-la sem reservas” desafiou o sacerdote.

“Se os nossos pais, por egoísmo, tivessem escolhido abortar-nos em vez de nos deixar crescer…Nenhum de nós estaria aqui para ouvir esta história. Agradeçamos a Deus o dom da vida e cuidemo-la com maior empenho, a exemplo da mãe de Moisés”, disse.

A primeira pregação do Pe. Jacob Vasconcelos como sacerdote apelou ainda a uma maior consciência e compromisso das comunidades cristãs com os valores do Evangelho.

O pe. Jacob Vasconcelos lembrou o valor da oração, a importância da conversão e a necessidade de conformamos a vida quotidiana de acordo com os critérios do amor de Deus.

“É hora de por a render o talento da graça. A palavra que chegou até nós tem de dar fruto”, disse ainda o sacerdote lembrando que é “na simplicidade, na humildade, na pobreza e na pequenez” que Deus melhor se revela.

Já hoje o sacerdote voltou a apelar ao sentido de missão de todos os batizados.

“Deus chama-nos para que, nos nossos contextos de vida, sejamos instrumentos de libertação das novas escravidões que os homens e mulheres de hoje sofrem: Pecados, doenças, enfermidades vícios, tristezas e desolações”, afirmou.

“O mundo espera por alguém, aguarda o nosso testemunho que dê luz e esperança a quem mais precisa. Não há vocação sem missão. Não há vocação que não nos leve ao encontro dos outros” acrescentou.

“Apesar das nossas falhas, não deixemos de dar o nosso melhor. É na medida em que nos abrimos ao projecto de Deus que poderemos concretizar o seu sonho para este mundo, que deve ser um lugar cada vez mais habitável e feliz”, concluiu.

A pregação do Pe Jacob Vasconcelos termina na próxima sexta feira, dia 21.

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