A crise europeia só será ultrapassada se a Europa “não recusar as raízes cristãs”

Ideia é avançada pelo Bispo de Angra num texto que integra o livro “Cristianismo e Europa” que é lançado esta quinta feira

“Não se pode construir” o futuro da Europa “nem sair da crise” que nela se instalou, sem ter em conta o Cristianismo, refere o Bispo de Angra no texto que assina no livro “Cristianismo e Europa” que amanhã é lançado em Ponta Delgada, na Universidade dos Açores, pelas 18h00.

A obra, editada pela Almedina, é coordenada pelo professor universitário Carlos Amaral e resulta de um colóquio com o mesmo nome, reunindo textos de sete autores. Além de D. António de Sousa Braga, escrevem Michel Renaud; Brandão da Luz; Carlos Amaral; António Teixeira Fernandes; Acilio Rocha e Maria Manuela Ribeiro, investigadora responsável pelo Grupo de Trabalho Europeísmo; Atlanticidade e Mundialização, do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, da Universidade de Cimbra.

As conferências, agora editadas em livro, partiram do debate desencadeado por ocasião da Convenção sobre o Futuro da Europa, à cerca da introdução de uma referência ao Cristianismo no Preâmbulo do Tratado Constitucional para a Europa, entretanto chumbado por franceses e holandeses e substituído pelo Tratado de Lisboa, como refere o coordenador da publicação.

“Os textos aqui reunidos propõem-se, refletir, por um lado, sobre a natureza do Cristianismo enquanto religião mas também enquanto quadro moral, axiológico e civilizacional e, por outro lado, sobre os papéis que poderá desempenhar, para além da esfera da vida privada de cada um, na vida social e política, às escalas estatal e europeia”, sublinha o Professor Carlos Amaral.

A este propósito, o Bispo de Angra refere que “Nunca será possível formar uma identidade madura na Europa nem para os indivíduos, nem para os povos, prescindindo do Cristianismo”.

“A história da Europa não começou no Tratado de Roma” salienta D. António de Sousa Braga lembrando que o mercado comum ou a moeda única “são apenas etapas de um processo que deve chegar à unidade conquistada dos povos, que tem como matriz e raízes o cristianismo”.

O responsável pela Igreja Católica nos Açores lembra a “responsabilidade acrescida” dos cristãos “chamados a por a render os seus talentos e a serem fermento que leveda massa”.

O Bispo de Angra recupera valores como “a igualdade, a verdade, a liberdade e a universalidade” para afirmar as verdadeiras característica da fé cristã.

“A igreja não tem soluções técnicas para resolver a crise mas a sua Doutrina Social, derivada do Evangelho, dispõe de princípios, diretrizes e critérios que ajudam a construir uma sociedade mais solidária”, refere ainda o prelado.

No texto intitulado “O Cristianismo Plasmou a Europa” (Páginas 73-78), D. António lembra que a Igreja não se pode nem deve substituir ao Estado “mas também não pode ficar à margem da luta pela justiça”.

“Esta crise constitui um grande desafio à fé dos cristãos” que devem “revivê-la e repensá-la” de forma a que “ganhe uma nova vitalidade, tornando-se uma convicção profunda e uma força real”.

O Bispo de Angra fala “da secularização que degenerou em secularismo” e da fé se “reduzir a gestos meramente exteriores a que não correspondem verdadeiras opções de vida”.

  1. António, no final do artigo, exorta todos os cristãos a “abandonarem uma fé ritualista e de circunstância deteriorada pelo egoísmo da cultura materialista””.

O livro, editado em maio deste ano, pertence à coleção Estudos sobre a Europa. Vai ser apresentado pelo professor de filosofia, Luís Bastos e por Monsenhor Weber Machado. Segue-se uma conferência do ex reitor da Universidade Panteion de Atenas, George Contogeorgis, sobre Religião e Política na modernidade e na Europa contemporânea.

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