“A soma dos egoísmos nunca produziu o bem comum”, afirma D. Armando Esteves

Foto: Igreja Açores/RH

Bispo de Angra esteve na apresentação da obra “Floresta das Nuvens”, de Paulo Henrique Silva e pediu uma consciência “mais ecológica”

Há hoje a “necessidade” de uma educação para a sobriedade e para a solidariedade que “implica mudanças” nas relações de produção, de consumo e do poder que rege as sociedades, afirmou esta noite o bispo de Angra na sessão de apresentação do novo livro de Paulo Henrique Silva, que decorreu nos Paços do Concelho em Angra do Heroísmo.

“Sabemos que a soma dos egoísmos nunca produziu o bem comum, pelo contrário o egoísmo cria mais problemas. Se num lado do mundo há problemas eu deveria sentir-me pobre porque a vida do outro é a minha vida” afirmou D. Armando Esteves Domingues na apresnetação do livro “floresta das Nuvens”.

O prelado diocesano aproveitou o momento para falar dos desafios da criação levantados nos documentos do magistério, especialmente no pontificado do Papa Francisco autor de duas encíclicas fundamentais: a Laudato Si e a Fratelli Tutti, onde os problemas da criação se entrelaçam com a necessidade de novos paradigmas na construção das relações a partir da “Fraternidade Universal e Amizade social”, assentes numa ecologia integral transformadora.

“Há muitos desafios, desde logo a necessidade de uma mudança de mentalidade que passa, por exemplo, por uma educação ecológica integral” refere o bispo de Angra.

“Chegámos a um ponto em que é preciso dizer: muita coisa mudou e tudo está interligado; não somos ilhas mas arquipélagos e por isso qualquer decisão individual tem consequências para muitas mais pessoas”.

“Isto é constitutivo da nossa existência: nós somos relação ainda antes de sermos indivíduos” disse o prelado.

“A ligação é uma infraestrutura das nossas existência” explicitou alertando para a “falta de uma consciência de origem comum, de uma reciproca pertença e de um futuro partilhado por todos”.

“É uma grande utopia, que nos exige pensar no futuro como um longo processo de regeneração”,

“A humanidade  precisa de se regenerar” pois “há dramas humanos” a exigir “um novo recomeço”.

“O nosso ecossistema encontra-se doente e com febre, a precisar de cura” afirmou, por outro lado, desafiando a uma “nova relação com a natureza”.

“Quando a terra adoece nós também adoecemos; há necessidade de uma nova relação com a natureza, que exige um novo ser humano, que se relacione com a natureza de uma forma diferente”, disse D. Armando Esteves.

“A crise ambiental não resulta apenas de causas físicas mas de lamentáveis e reprováveis condutas humanas” ressalvou ainda,  salientando que este é um tema “dificil” mas que deve ser interpretado e refletido “ em conjunto” não só com os católicos mas sobretudo com eles.

“Ainda temos muitas resistências internas a estas questões” lamentou.

Na apresentação deste livro, que contém inúmeras e belas fotografias dos Açores, D. Armando Esteves Domingues que passou os últimos três dias no Corvo e nas Flores, lugares classificados como reserva da biosfera, desafiou os presentes a fazer caminho na preservação destes lugares.

“Bastaria a muita gente vir aqui para se converter e ganhar uma consciência muito mais ecológica nestes paraísos  que, se não cuidarmos deles, acabam por se perder”.

Nesta cerimónia de apresentação intervieram ainda o Diretor do Museu Carlos Machado, João Paulo Constância, o autor e o presidente da Câmara.

Foto: Igreja Açores/RH

(Com padre Ricardo Henriques)

 

Scroll to Top