Anúncio, Oração e Serviço são marcas da família e da Igreja enquanto comunidade de famílias, defende Administrador Diocesano

No dia da festa da Sagrada Família, cónego Hélder Fonseca Mendes presidiu à Festa da Dedicação da Igreja de São Carlos, que celebra 28 anos

O Administrador Diocesano presidiu esta manhã à festa do 28º aniversário da dedicação da Igreja de São Carlos, um momento de ação de graças por todos os sacerdotes e leigos que de forma empenhada se dedicaram à construção da comunidade deste curato, que integra territorialmente a paróquia de São Pedro, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.

“A Igreja é o Povo que vive em comunhão com o Pai, o Filho que nos é dado no Natal, e o Espírito Santo derramado nos nossos corações” disse o cónego Hélder Fonseca Mendes ao sublinhar que tal como numa família, também a comunidade cristã- “comunidade de famílias batizadas”- deve construir-se a partir da oração, da eucaristia, do serviço e da missão.

“Se aqui em São Carlos não faltar o anúncio jubiloso do evangelho, – como o de hoje – «anuncio-vos uma grande alegria – foi-nos dado, nasceu para nós um Salvador»; se não nos faltar a força da oração e dos sacramentos, sobretudo da Eucaristia; se não nos faltar o serviço, o cuidado, o amor uns pelos outros, sobretudo pelos mais vulneráveis e também pelos que são diferentes de nós, estamos já a ser uma comunidade cristã, guiada pela estrela do presépio. Então valeu a pena construir esta igreja. Obrigado a quem o fez!”, disse o Administrador Diocesano.

No dia da festa da Sagrada Família, a partir da liturgia, o cónego Hélder Fonseca Mendes lembrou que “apesar das contrariedades e fragilidades” encontramos na sagrada família “a grandeza e as dificuldades por que passam todas as famílias humanas”, nomeadamente “o amor, o sonho, a ternura, o trabalho, a oração, o silêncio, as peregrinações e as viagens, mas também recusas, rejeições, perseguições, fugas, emigração, retorno, doença e morte”.

“Eis a família ideal ou perfeita, mas mesmo assim onde também não faltam contrariedades e fragilidades” salientou.

Citando o Papa Francisco, a partir da Encíclica Amoris Laetitia, o sacerdote afirmou que “nenhuma família é uma realidade perfeita e confecionada duma vez para sempre” e “requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar”.

“Há um apelo constante que provém daquela comunidade tão bela que é a família de Nazaré. Mas contemplar a plenitude que ainda não alcançámos permite-nos também relativizar o percurso histórico que estamos a fazer como família, para deixar de pretender das relações interpessoais uma perfeição, uma pureza de intenções e uma coerência que só poderemos encontrar no Reino definitivo”.

“Isto não nos deve envergonhar, mas pelo contrário – fiéis às nossas raízes e tradições, seremos criativos e criadores de um mundo que pode ser outro” assinalou.

“Não sendo possível construir logo, improvisa-se como no presépio e quando possível constrói-se(ou reconstrói-se) uma casa nova”, disse.

“Demos graças a Deus por esta edificação que só faz sentido para ser habitada. Primeiro como um lugar onde Deus mora do meio do seu povo. Aquela lâmpada junto do sacrário acesa permanentemente, quer dizer que tem sempre Alguém em casa -Deus não dorme; além disso é a casa para acolher o povo de Deus que peregrina por São Carlos, até chegar à sua morada definitiva que certamente não será esta. Contudo, é aqui que ensaiamos e construímos um novo céu e uma nova terra onde habite a justiça e a paz”, concluiu deixando uma palavra também para os habitantes da ilha de Palma, em Espanha, que há meses lutam contra a força do vulcão, que este dia 25 foi dado como extinto.

“Não estamos livres de que essa experiência das nossas origens se repita. E por isso alegramo-nos hoje e desde aqui, os cristãos açorianos, com os habitantes da ilha de La Palma, na Diocese de Tenerife, que vêm finalmente extinto os efeitos trágicos da bravura de um vulcão que teimava em adormecer de novo”, deixando a promessa de um auxilio açoriano à população desta ilha.

Durante a celebração foi ainda invocada a ação dos sacerdotes e leigos que, de forma empenhada, se dedicaram à edificação da nova Igreja de São Carlos, nomeadamente os padres João de Brito, Jorge Mendonça, Carlos Correia, Adriano Borges e Ângelo Valadão, sem esquecer o atual prior padre Teodoro Medeiros.

O curato independente de São Carlos foi criado em setembro de 2014 por D. António de Sousa Braga, e desde então passou a dispor de cartório e arquivo próprios bem como dos livros necessários para o registo de baptismos, crismas, casamentos e óbitos.

Em termos geográficos o Curato tem a oriente como limite o Lugar da Silveira, prolongando-se para norte até à primeira rotunda da via circular de Angra; aí, inflecte para ocidente na via que vai ter à rotunda junto à Escola Padre Tomás de Borba. A norte, confronta com os limites da Freguesia da Terra Chã, incluindo a Canada dos Folhadais. A Ocidente, confronta com os limites da Paróquia de São Mateus, junto ao cruzamento da Canada de Belém com a Canada da Luz, inflectindo para sul até ao mar pelo tardoz das propriedades da referida Canada da Luz. Finalmente, a sul tem o seu limite junto ao mar; do lado ocidental, com a referida Paróquia de São Mateus, e a oriente novamente no lugar da Silveira, tendo como limite o Caminho de acesso ao porto da Silveira.

A decisão de D. António Braga, agora bispo emérito de Angra, deveu-se a um pedido formal feito a 4 de novembro de 2013, pelo padre Adriano Borges, por insistência dos habitantes deste lugar, solicitando a passagem de lugar de culto da paróquia de São Pedro de Angra a Curato.

No Curato de São Carlos residem 1633 pessoas, distribuídas por 672 habitações. Além da Escola Padre Tomás de Borba, funcionam também neste lugar, diversas valências da Santa Casa da Misericórdia de Angra, nomeadamente a Escola Profissional do concelho de Angra.

 

 

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