Bispo de Angra afirma que celebrar a Paixão de Cristo é revisitar a história da salvação da humanidade

Igreja açoriana assinala Sexta-Feira Santa na Sé e em todas as paróquias da diocese

As celebrações de Sexta-feira Santa, que evocam hoje a morte de Jesus, com o recordar da Paixão, foram presididas na Sé de Angra pelo bispo D. João Lavrador que afirmou que esta celebração é aquela que melhor nos ajuda a compreender e a explicar o amor de Deus e a sua determinação em salvar a humanidade.

“Não estamos perante o recordar de um acontecimento do passado” mas a  celebrar “o maior, o mais singular e inaudito acontecimento pelo qual nos vem a salvação, ontem, hoje e sempre”.

“Nós temos um sumo sacerdote que experimenta todas as nossas fragilidades e as nossas provações. Mais ainda, a todos aqueles que lhe obedecem deu-lhes a salvação eterna” recordou o prelado sublinhando que “O caminho da cruz e da morte é o caminho de que Deus se serve para nos oferecer a salvação”.

“Esta é a celebração onde o caminho de Deus e o caminho do homem se interligam. Por isso, Deus percorre o caminho do calvário e faz a experiência da morte na encarnação do Seu Filho” disse o prelado lembrando que é a partir desta chave de leitura- “sabedoria divina”-  que temos de integrar os males do nosso mundo.

“É a partir desta Sabedoria divina que temos de integrar os males do nosso mundo, as chagas de tanta gente que sofre, a condenação de tantos inocentes, a morte provocada pelo egoísmo humano. Mas é perante este Cordeiro inocente, maltratado, desfigurado, arrancado da terra dos vivos que discernimos as atrocidades cometidas no mundo de hoje, os sinais de morte da nossa cultura e o desprezo pela vida humana em tantas decisões dos governantes do mundo”, afirmou o bispo de Angra.

Depois exortou os açorianos a olharem a Cruz com esperança e não como um sinal de morte e de fim.

“A cruz e a morte de Jesus Cristo abrem sempre para a Vida Nova que se manifestará no amanhã glorioso da nossa vida e da vida da comunidade cristã para irradiar de luz a vida do mundo”.

A Sexta-feira Santa, que evoca a morte de Jesus, é um dia de jejum para os fiéis católicos, que não celebram a Missa, mas uma cerimónia com a apresentação e adoração da cruz.

Este é um dia alitúrgico, no qual os fiéis podem comungar na celebração que decorre durante a tarde, perto da hora em que se acredita que Jesus terá morrido, nas igrejas desnudadas desde a noite anterior.

A parte inicial da celebração, Liturgia da Palavra, tem um dos elementos mais antigos da Sexta-feira Santa, que é a grande oração universal, com dez intenções que procuram abranger todas as necessidades e todas as realidades da humanidade, rezando pelos seus governantes, pela unidade entre os cristãos, pelos que não têm fé ou os judeus, entre outros.

A adoração à cruz e os vários momentos de oração apresentam-se como momentos de penitência e de pedido de perdão.

O sacerdote que preside à celebração está paramentado com a cor vermelha, que a liturgia católica associa aos mártires.

Ao final do dia, decorrem em muitos locais as procissões do enterro do Senhor e a via-sacra, que reproduz os momentos da prisão, julgamento e execução de Jesus, os quais inspiram recriações da Paixão, as Procissões do Encontro e do Senhor Morto.

O Sábado Santo, tal como a sexta-feira, é um dia alitúrgico, isto é, sem celebração da Eucaristia ou de outros sacramentos, considerado como o dia do ‘grande silêncio’.

A Vigília Pascal, que se celebra nas últimas horas deste dia, está ligada ao domingo e à festa da ressurreição de Jesus, representando o momento mais importante do calendário litúrgico da Igreja Católica.

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