Bispo de Angra desafia açorianos a serem os “Cireneus” e as “Verónicas” de hoje levando a esperança cristã a “um mundo em sofrimento”

O prelado diocesano presidiu à missa que inicia a Semana Santa, que será vivida de forma excecional este ano por causa da pandemia provocada pelo Covid-19

O bispo de Angra presidiu esta manhã na Catedral, em Angra do Heroísmo, à Missa do Domingo de Ramos, início da Semana Santa no calendário católico, evocando todos os que sofrem com a atual pandemia de Covid-19, com uma mensagem de esperança.  D. João Lavrador, na sua homilia, desafiou os cristãos açorianos a serem portadores de uma mensagem de esperança diante de um mundo em sofrimento.

“Na verdade, este ano não podemos separar este caminho do sofrimento que experimenta a população mundial a requerer gestos de amor, de partilha e de despojamento para aliviar a dor de quem sofre, mas igualmente a sabedoria necessária para auscultarmos o querer de Deus presente nestes sinais tão dramáticos” afirmou o prelado diocesano na Missa, celebrada à porta fechada e sem assembleia.

A partir da liturgia, que este domingo nos coloca perante a longa descrição do caminho da entrega, da paixão, do calvário, da morte na esperança da ressurreição de Jesus de Nazaré, D.João Lavrador comparou o caminho do sofrimento de Jesus, até ao Calvário, com o momento atual e lembrou que, no final, o amor de Deus triunfará.

“Com Ele queremos percorrer o mesmo caminho de amor e de entrega que leva ao encontro de Deus Pai e dos nossos irmãos” disse .

“Tal como Jesus Cristo, também nós somos chamados a colocarmo-nos no abaixamento das situações degradantes da pessoa humana, comungando do sofrimento dos nossos irmãos, para lhes manifestar com a nossa entrega e pela nossa esperança, o amor infinito e reconciliador de Deus” prosseguiu ao sublinhar “o sofrimento atual”.

“No meio de sofrimento e perplexidade que nos vem da situação atual que aflige a humanidade em todos os lugares do mundo, estamos a iniciar esta semana na qual vivemos os mistérios centrais da nossa fé para mergulharmos o nosso ser, todo inteiro, na entrega de Jesus Cristo, para d´Ele absorvermos a Vida plena e total que faça brotar a alegria de tal modo que nos impulsione para a missão de anunciar a Jesus Cristo Salvador de todos os homens”.

“Este é caminho para o qual somos convidados a entrar e a percorrer. Não estamos perante uma encenação ou um espectáculo, muito pelo contrário, é o itinerário de Jesus de Nazaré que se encontra com toda a humanidade, desafiando a todos e carregando sobre si os sofrimentos, as exclusões, as amarguras, as injustiças e os clamores do homem ao longo da história” disse ainda ao sublinhar que este caminho de amor é exigente  e requer “coragem e entrega”.

“Temos de nos colocar nele, a exemplo de Nossa Senhora, das santas mulheres, do Cireneu, de Verónica e nele sentir a força para levarmos a este mundo de hoje a Boa Nova da Salvação”. E concluiu com uma prece: “Imploramos de Nossa Senhora das Dores que nos ajude a percorrer o caminho da entrega do Seu Filho como discípulos e a alcançar d`Ele a misericórdia e a reconciliação para nós e para o mundo de hoje envolto em trevas e dor”.

A propagação do novo coronavírus obrigou este ano a profundas mudanças nesta celebração, que habitualmente reúne centenas de pessoas, com ramos nas mãos.

D. João Lavrador celebrou na Sé de Angra, apenas com um número reduzido de sacerdotes, que simultaneamente, asseguraram a animação litúrgica da Eucaristia, numa igreja fechada ao público. Neste cenário, o Bispo de Angra, destacou a importância de celebrar a Semana Santa com a oração e com atenção ao próximo.

Todas as celebrações da Semana Santa serão presididas pelo bispo, na Catedral.

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