Bispos discutem em abril normas que balizam a ação da Igreja em casos de abusos sexuais de menores

Conselho permanente da CEP reuniu-se hoje em Fátima

Os bispos católicos portugueses contam discutir em abril as normas que regerão a ação da Igreja no que respeita ao abuso sexual de menores por membros do clero.
Segundo o padre Manuel Barbosa, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), este será um dos principais assuntos a ocuparem os bispos na Assembleia Plenária a realizar em Fátima entre 20 e 23 de abril.
Os bispos vão analisar “as diretrizes para transformar em normas, como o Papa Francisco tem pedido às conferências Episcopais, sobre a proteção de menores e pessoas vulneráveis na Igreja”, disse hoje Manuel Barbosa no final da reunião do Conselho Permanente da CEP, acrescentando que, a Igreja continua à espera, “há quase um ano”, do “manual de procedimentos” que há de chegar do Vaticano.
Porém, se esse documento não chegar, “há elementos suficientes, da Santa Sé, desde o encontro de fevereiro do ano passado, para avançarmos com essa indicação do Papa Francisco”, acrescentou o porta-voz da CEP.
Quanto às dioceses, têm até 01 de junho para apresentarem as suas comissões ou instâncias que ficam a tratar desta questão.
Até ao momento, já foram anunciadas as comissões de oito dioceses, entre as quais a de Angra.
“Da parte da CEP, temos as diretrizes de 2012 e o Papa pediu, na mesma altura, que se transformassem em normas. Juridicamente têm mais força. Temos juristas a trabalhar numa base desse texto, para depois ser apresentado ao Conselho Permanente, como é habitual, e depois ir à Assembleia Plenária”, explicou Manuel Barbosa.
Esta Assembleia Plenária de abril vai ficar marcada também pela eleição dos novos titulares da Conferência Episcopal, sendo certa a substituição de Manuel Clemente na presidência, por estar a concluir o segundo mandato. Pelos estatutos, o presidente não pode exercer mais que dois mandatos consecutivos.
Manuel Barbosa indicou, entretanto, a que nota sobre a Jornada Mundial da Juventude 2022 (JMJ2022), que decorrerá em Lisboa, não será lançada na Assembleia Plenária, mas sim antes de 05 de abril, Domingo de Ramos, data em que o Papa Francisco entregará em Roma os símbolos do evento ao cardeal patriarca de Lisboa e aos muitos jovens portugueses que se deslocarão ao Vaticano nesse dia.
Um voto de confiança no Conselho de Gerência do Grupo Renascença, a propósito do processo de descontinuação da Rádio Sim, foi também dado na reunião de hoje do Conselho Permanente da CEP.
No encontro, os bispos deixaram também o lamento face à morte do jovem estudante cabo-verdiano em Bragança, considerando que “nada justifica a violência” e condenando todos os casos, desde os de violência doméstica, à violência contra médicos ou professores.
“Todas estas violências não fazem sentido”, frisou o secretário da CEP.
A ocasião foi ainda aproveitada para, a propósito da anunciada publicação na quarta-feira do livro cuja autoria inicialmente foi atribuída ao cardeal Robert Sarah e ao Papa emérito Bento XVI, em que se defende o celibato obrigatório dos padres, e que já levou Ratzinger a exigir a retirada do seu nome da coautoria da obra, o Conselho Permanente sublinhou “a fidelidade do Papa Bento XVI ao Papa Francisco, a unidade entre dois Papas e a confiança plena no Papa Francisco sobre as decisões que vier a tomar sobre esta matéria do celibato”.
(Com Lusa)
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