Clero açoriano reunido em recoleção quaresmal

Momento de reflexão sobre a Quaresma foi orientado pelo Pe. Cipriano Pacheco, professor no Seminário Episcopal de Angra

A Quaresma “não é um tempo de tristeza ou desanimo mas um tempo que nos convida a virar o coração para Deus” aprendendo dele “a bondade e a misericórdia”, afirmou o Pe. Cipriano Pacheco, professor do Seminário Episcopal de Angra que orientou as três recoleções da Quaresma ao Clero diocesano.

O sacerdote, que falou para a grande maioria dos presbíteros açorianos, nas três vigararias, desafiou-os a “serem” padres e a não se contentarem com o “exercício do ministério sacerdotal”, lembrando-lhes que a sua principal tarefa é aproximarem-se ao perdão de Deus e levarem as suas comunidades a essa relação de intimidade com o Pai.

“O que exerce o sacerdócio pode até ser muito eficiente no exercício das suas tarefas… mas não será eficaz; o que se preocupa em ser sacerdote será sempre mais autêntico e pode mais facilmente estender o abraço que os irmãos precisam”.

O Pe. Cipriano Pacheco dividiu a sua proposta reflexiva em dois momentos distintos: um em que falou do perdão e da misericórdia de Deus, configurando o sacerdote a Cristo e outro mais analítico onde refletiu sobre o conteúdo da mensagem do Papa Francisco para a Quaresma.

A partir da palavra de Deus, socorrendo-se de várias citações bíblicas e, particularmente da parábola do filho pródigo, onde se expressa de forma absolutamente visível o amor gratuito e o perdão de Deus, o sacerdote destacou que “mais importante do que exercer uma missão, o sacerdócio deve ser a concretização de um testemunho, sinal vivo da esperança e da misericórdia de Deus”. Por isso, acrescentou, “o sacramento da reconciliação é o ponto mais alto do ministério porque nos permite derramar a misericórdia sobre os irmãos idêntica à que recebemos de Deus”, aludindo à dicotomia identitária do padre que se assume ao mesmo tempo como o sacerdote penitente (homem que vive a sua fragilidade) e o sacerdote confessor, que se alegra em derramar sobre o outro a misericórdia que ele próprio experimentou.

A reflexão apresentada em duas partes, cada uma com cerca de 35 minutos, centrou-se na questão do perdão fazendo ver aos presbíteros diocesanos a importância da sua própria aproximação ao perdão de Deus e consequentemente à necessidade de conduzir as comunidades a esse perdão.

“Se o grande desígnio de Deus é descer e vir à procura dos humanos, devemos abrir a porta a essa relação; se Deus é assim para connosco nós também somos convidados a voltar-nos para ele”, afirmou o Pe. Cipriano Pacheco.

O sacerdote debruçou-se muito sobre a questão do pecado, cuja consciência nasce da descoberta do amor com que Deus nos ama.

“ É mais forte a consciência do pecado quanto mais temos consciência de que fomos e somos infiéis ao amor gratuito de Deus”, e por isso, adianta, “o pecado pode converter-se em itinerário misterioso e providencial para chegar à verdadeira experiência de Deus” que “não inocenta o pecado mas usará sempre da Sua misericórdia”, o que nos remete “para uma esperança em vez de desespero”.

“É o amor em busca do perdão que pode renovar o nosso coração e não os nossos esforços pela perfeição, por cumprirmos a lei, por fazermos as coisas consideradas certas” precisou ainda o Pe. Cipriano Pacheco.

Pode ouvir esta meditação na íntegra aqui.

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