“Combater a pobreza é ir à razão do ser cristão” – D. José Ornelas

D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, iniciou este sábado a Conferência Anual da Comissão Nacional Justiça e Paz, recordou os tempos de missão e apontou que o combate à pobreza é a “razão do ser cristão”.

“Combater  pobreza com caridade não é condescendência mas ir à razão do que somos como cristãos e com a fé”, disse D. José Ornelas na abertura da Conferência Anual da Comissão Nacional Justiça e Paz.

O bispo de Setúbal recordou os tempos de missão onde assistiu ao “ciclo vicioso da miséria” e onde lhe diziam que “um casal honesto não conseguia sobreviver”.

“É injusto alguém não ter os meios para ser alguém como deve ser, significa que o relacionamento entre os bens e as pessoas não está correto”, aponta.

Olhando a realidade da pandemia e suas consequências, D. José Ornelas olhou a “sociedade em fase de adolescência”.

“A sociedade está em fase de adolescência, na fase da revolta  em que não precisam do pai nem dos seus ensinamentos. Depois veio uma pandemia e mostrou que afinal precisamos da esperança e ternura que o Pai dá”, apontou.

A Conferência Anual da Comissão Nacional Justiça e Paz acontece sob o tema “Pobres, pobreza e desigualdade” e teve também a participação de Farinha Rodrigues, professor de Economia, que olhou os dados estatísticos da pobreza antes da pandemia e o legado social que deixa.

Da sua intervenção Farinha Rodrigues deixa o alerta da “situação mais preocupante” que é a situação de pobreza das crianças e jovens.

“Não soubemos ter políticas para combater isto, é uma preocupação do presente e compromete e empenha o futuro em termos sociais”.

Segundo o investigador os efeitos da crise foram “profundamente assimétricos em Portugal”, atingindo de forma grave alguns setores da população e grande fragilidade da situação social.

Farinha Rodrigues recordou Manuela Silva e Alfredo Bruto da Costa, antigos presidentes da Comissão Nacional Justiça e Paz, que defenderam a estratégia de combate à pobreza, que foi aprovada em dezembro passado e que considera como “ponto de partida”.

“Esta estratégia tem de transversal a todas as áreas das políticas públicas, não pode ser gerido só pela Instituto da Segurança Social, mas tem a ver com economia, saúde e educação e só será efetiva se for capaz de dar quadro de consistências às várias políticas públicas”, afirmou.

O professor de Economia fala desta estratégia como “desígnio social” e que implica “alteração de comportamento, de funcionamento da sociedade e alterar o modelo económico”.

(Com Ecclesia)

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