Comissão Justiça e Paz pede “pacto educativo” para além dos interesses partidários

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A Comissão Nacional Justiça e Paz( CNJP) desafia à construção de um “pacto educativo” que não esteja refém de partidos políticos mas possa resultar de um entendimento “abrangente” e ser passível de “discussão e avaliação”.

“Devemos ter a capacidade de encontrar na sociedade pessoas capazes de fazer este trabalho, para ser discutido e avaliado de forma abrangente”, refere José Maia, secretário da CNJP, organismo laical da Conferência Episcopal portuguesa que publicou uma nota “Dignificar a Educação é Cuidar do Futuro”.

“Como podemos olhar para a educação a partir de resultados, a partir de uma organização apostada no sucesso? Qual o produto de aprendizagem? Como estamos? Como percebemos o aumento das dificuldades na leitura em alunos que chegam ao ensino secundário incapazes de ler? Como é possível esconder isto atrás de mecanismos que suavizem? Estamos a comprometer o futuro destes jovens. Se não lhes damos as ferramentas, mesmo que o seu caminhar seja mais lento”, acrescenta.

José Maia lamenta que a escola, atualmente seja “incapaz” de responder aos desafios que o mundo exterior “cultura, económico, empresarial” apresenta, uma vez que está apostada no “imediato, em resolver problemas de agora”, explica o professor de Biologia, lamentando a “falta de olhar no futuro e de apontar caminho”.

“Estamos a funcionar sem projeto que seja capaz de diversificar, de fazer com que a escola – que tantas vezes é acusada de não dar incentivos – dê respostas diversificadas, uma vez que responde a pessoas concretas e diversas”, indica.

José Maia gostaria que a autonomia pudesse ajudar a “dar espaço” à criatividade que falta ao ambiente escolar e em concreto aos professores, assoberbados com “burocracia e um peso que lhes é imposto”.

“Olhamos para a escola apostados nos resultados e não nos caminhos: avaliamos a escola pelo sucesso ou insucesso dos resultados dos exames, e não percebemos que caminho é percorrido. Não importa saber se os caminhos refletem aprendizagens ou se são realidades condicionadas para obter subsídios, resultados e financiamentos de projetos. Estamos a viver ao contrário”, reconhece.

O ambiente escolar vive de uma realidade “tripartida” onde escola, famílias e tutela deveriam “procurar dialogar”, assumindo que “todos são parceiros de caminhada” e combatendo o “desânimo geral”.

“A escola precisa de capacidade, de técnicos e professores que acompanhem uma realidade que é integradora mas diversa. Não se tratam de despesas, mas de investimento”, traduz José Maia.

(Com Ecclesia e CNPJ)

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