Comunidade Obra de Maria consagra um dos seus leigos em São Miguel

A cerimónia decorre hoje na Igreja de Rabo de Peixe, onde a comunidade tem dois leigos e um sacerdote.

A comunidade Obra de Maria, com origem no Brasil e espalhada, hoje por toda a América Latina e Europa, está em festa em São Miguel. Pelas 19h00 decorre em Rabo de Peixe a consagração de um dos seus mais recentes membros. Giani Rocha, tem 32 anos, está há três integrado na comunidade e, hoje, “entrega-se para um novo compromisso ainda mais exigente”.

 

Natural do estado brasileiro de Pernambuco, está há nove meses em Rabo de Peixe, integrando uma das três novas comunidades da obra de Maria existentes na ilha de São Miguel, que desenvolve um trabalho de proximidade junto dos mais novos e das famílias, a quem levam o evangelho através da palavra e do testemunho de vida.

 

Fazem parte das novas comunidades missionárias evangelizadoras, cumprindo esse desafio do Papa Francisco de fazer da rua e das cidades grandes santuários.

 

Cantar, Orar e Comprometer-se. Mais do que três palavras, são os três lemas deste carisma católico, cuja principal missão consiste na organização de peregrinações anuais a lugares santos, como a Terra Santa, Fátima, os Caminhos de São Paulo, entre outros.

O Portal da Diocese foi procurar ouvir as inquietações e os desafios deste jovem que hoje renova um compromisso de vida em comunidade para “melhor servir ao Outro e assim a Deus”.

 

 

Portal da Diocese (PD) – O que é que se vai passar hoje?

Giani Rocha (GR)- Será a minha consagração ao Carisma Obra de Maria, ao qual vou dizer que aqui estou porque é com ele que eu me identifico e quero servir  Deus. Essencialmente vou tornar-me membro da comunidade de forma ainda mais responsável o que significa que vou disponibilizar-me para assumir o que a regra de vida nos pede. Mas o que está em causa é essencialmente a doação: eu estou a dizer sim a esta comunidade porque me quero dar ao Evangelho.

 

PD- O Giani é leigo. Tenciona ir mais além nessa missão de serviço?

GR- Sou leigo, estou inserido na vida da comunidade há três anos e a questão de vocação pessoal ainda não veio. Há um caminho de discernimento que ainda estou a fazer para saber que rumo quero dar à minha vida.

 

PD- Está nos Açores há sensivelmente nove meses. Como é que tem desenvolvido o seu trabalho nesta comunidade de Rabo de Peixe?

GR- É um desafio para mim. Tem sido um desafio a todos os níveis a começar pela cultura que é diferente da minha de origem. O que nós trouxemos foi uma espiritualidade nova e julgo que temos sido bem sucedidos porque o acolhimento é muito bom. As pessoas são muito abertas à graça de Deus e, particularmente, vivem com muita intensidade os momentos que nós organizamos.

 

PD- O trabalho tem correspondido, portanto,  às suas expetativas?

GR- O próprio carisma deixa claro que temos de evangelizar sempre com alegria, independentemente da forma escolhida. Temos trabalho em muitas áreas.

 

PD- Como é que entrou para esta comunidade Obra de Maria?

GR- Tomei contato através da Canção Nova. Depois, como tinha casa de missão perto da cidade onde os meus pais moram fui-me chegando…

 

PD- E isso afastou-o da sua família…

GR- Não necessariamente. Eu diria que me afasta fisicamente mas, ao mesmo tempo, aproxima-nos porque dá-nos um outro sentido de vida e isso realiza-nos mais e acaba por contribuir para uma maior união. No começo foi um pouco difícil porque eles não compreenderam logo, mas hoje aceitam com maior naturalidade porque perceberam que é um chamamento de Deus.

 

PD- Como é que vai conciliar a emoção de um momento tão importante e estar longe da família?

GR- Vai ser mesmo através da oração… vamos rezar por todos. Estaremos ligados em oração. Tenho a certeza que estaremos em comunhão absoluta.

 

PD- O que é que vai mudar a partir de hoje?

GR- Muita coisa. É um compromisso maior em que eu estou a dizer para a comunidade que é isto que eu quero.

 

PD- O que é que vai pedir a Maria na primeira oração do Dia?

GR- Força. Se tem alguém culpado, no bom sentido, deste meu compromisso é Ela. Por isso é que também escolhi para a minha consagração a data de Nossa Senhora de Lourdes, que é hoje.

 

PD- Há um recomeço com novas metas?

GR- É mais uma continuidade do que eu tenho procurado viver. A próxima meta é concretizar a vocação, essa doação aos Irmãos e a Deus e escutar de Deus o que ele quer para mim daqui para a frente.

 

PD- O que é que pode dar a esta comunidade de Rabo de Peixe’

GR- Quando saimos de casa, facilmente percebemos como somos pequenos e frágeis. Como diz São Paulo numa das suas cartas, é como um poder em vaso de barro… de facto, quando se sai de casa, o que procuramos é dar aquilo que temos dentro do nosso coração. E o que nós temos no nosso coração é Deus, por isso, é isso que damos às pessoas através de um simples olhar, do saber escutar, do confortar… É isso que eu tenho para dar a esta comunidade, em particular.

 

PD- Falta Evangelho ao nosso quotidiano?

GR- Sem dúvida alguma. O mundo hoje anda perdido. Falta de orientação, depressão… muita gente perde o foco, perde a meta de vista e isso desorienta-nos. A crise que se vive é o reflexo disso. As pessoas afastaram-se de Deus e hoje, o que eu noto, no trabalho que faço, é que as pessoas voltam a estar sedentas de Deus.

 

PD- O Papa Francisco interpela-nos para irmos ao encontro do outro… levar a palavra mas também saber escutar. O vosso carisma vai muito nesta linha…

GR- Sim! É muito importante essa questão porque muitas vezes os cristãos dizem que servem a Deus mas esquecem-se do Outro. Eu tenho procurado, nesta comunidade, aprender que o serviço a Deus é doar-se ao Outro, estar disponível para servir e amar o Outro.  O Outro é o que está ao nosso lado e ao fazermos isso estamos, de facto, a servir a Deus.

O símbolo da comunidade é Jesus, João e Maria aos pés da cruz. Eu penso que quero ser como Nossa Senhora e servir Cristo. Quando ele era criança, quando estava nos momentos felizes e quando estava na cruz. Na vida, servir o Outro é, justamente, estar em todos os momentos… nos felizes e nos de dor e de injustiça.

 

PD- O que é a fé para si?

GR- (pausa)… Pois é… nem tudo se explica. Um dos grandes mistérios é justamente a Trindade. Por isso, o desafio que se nos coloca é o de acreditar. Como Nossa Senhora. Se ela fosse parar para ver tudo, nunca tinha acreditado. Portanto, mais do que confirmar, buscar a prova, devemos aceitar, em cada momento, aquilo que Deus nos dá.

 

PD- Qual é o principal desafio para si e para a comunidade que integra, aqui em Rabo de Peixe?

GR- O principal desafio é concretizar mais a palavra de Deus. Hoje vivemos novos desafios na evangelização. Não é fácil porque as pessoas estão desfocadas… por isso o grande desafio é saber encontrar em cada momento a resposta adequada a cada problema, sempre na certeza de que o Espírito Santo ajudar-nos-á, orientando-nos.

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