Diocese tem “um potencial grande” que vai para além da piedade popular, diz Bispo de Angra

Um ano depois de ter entrado na diocese insular, D. João Lavrador deixa balanço do seu episcopado

A diocese de Angra “é muito rica”, “diversificada” e tem “um potencial enorme para além da piedade popular” afirma o bispo D. João Lavrador ao programa de rádio Igreja Açores deste domingo, primeiro dia do ano.

Numa entrevista mais longa e em jeito de balanço do seu primeiro ano de episcopado nesta diocese insular, o prelado  sublinha a importância do trabalho desenvolvido pelos diferentes serviços diocesanos- da família à juventude sem esquecer a pastoral social, a catequese e a atuação dos diferentes movimentos laicais- para destacar que o grande desafio que se impõe é “aproveitar todo este potencial” para “reaproximar a igreja das pessoas e fazê-la presente no mundo e na vida quotidiana dos açorianos”.

“As pessoas são muito importantes e temos de as saber aproveitar”, precisa o prelado que depois de um período de diagnóstico e de conhecimento do terreno – “que foi muito útil e enriquecedor”- se propõe agora neste novo ano reorganizar a diocese.

“A questão geográfica é um desafio e não uma dificuldade, mas a geografia é o que é e o desafio é como a podemos contornar do ponto de vista humano. Felizmente temos hoje transportes e sobretudo uma realidade tecnológica que nos permite comunicar melhor” adianta D. João Lavrador que coloca em cima da mesa três grandes desafios.

O primeiro deles é a “unidade e a comunhão”, refere o prelado salientando que a diocese tem de ser “pensada e vista como um todo”.

“Hoje a diocese é vista em dois polos são Miguel e Terceira e um bocadinho o Faial e o arquipélago só vale se for visto em conjunto. Eu gostava de valorizar isto em termos diocesanos olhando para Santa Maria, para São Miguel mas também para o Corvo ou para as Flores”, acrescenta D. João Lavrador.

“Em  termos de diocese isto é prioritário porque ninguém pode pensar em igreja se não pensarmos em comunhão e essa comunhão pressupõe que nos interessemos uns pelos outros”, precisa lembrando que “ todas as paróquias são iguais, todos os serviços são iguais e todos exigem o mesmo esforço e a mesma atenção de todos. Para haver igualdade tem de haver reciprocidade”.

Num segundo plano, o bispo de Angra quer promover os ministérios dentro da igreja.

“Estamos ainda muito clericalizados e os leigos têm que ser chamados à responsabilidade” sendo “mais ativos nos diferentes ambientes em que estão”.

“Quero uma igreja mais ministerial e, neste capítulo, os Açores até têm uma vantagem: temos um clero jovem, com boa formação e com espírito renovado e por isso temos todos os ingredientes” refere salientando que “ao invés de outras dioceses que responsabilizam os leigos porque já não há padres, nós aqui temos padres, temos diáconos mas também temos de ter leigos”.

“A proposta que vai ser discutida nas próximas reuniões dos conselhos Presbiteral e Pastoral tem este duplo sentido: o sentido da unidade e comunhão mas também o sentido da ministerialidade dentro da igreja”.

A questão de uma nova organização diocesana é “fundamental” não pelos nomes mas para uma “melhor eficácia” reconhece D. João Lavrador.

O prelado diocesano insular, que entrou na diocese primeiro como bispo coadjutor e só depois foi nomeado bispo residencial, confessa ainda que gostaria de se dedicar mais ao clero.

Na entrevista ao programa de Rádio Igreja Açores afirma que “quer ter tempo para estar e ouvir os seus sacerdotes”. Por isso optou por, neste primeiro ano, orientar as recoleções e os retiros, momentos formativos e de convívio por excelência. Igual atenção quer dar ao Seminário Episcopal.

“Sem interferir no Seminário, o bispo tem que estar muito por trás. Estão a fazer um trabalho muito bom, temos vocações, mas não podemos descansar” disse ainda.

Para este ano pastoral em concreto, e porque a prioridade é a pastoral social, deixou ainda três desafios aos cristãos açorianos: “maior empenho na renúncia quaresmal”; “generosidade para com o Fundo Diocesano para as Crianças em situação de vulnerabilidade” e um apelo aos empresários cristãos para que sejam capazes de empregar pelo menos mais uma pessoa nas suas empresas e assim contribuírem para mitigar o flagelo do desemprego na Região.

Na entrevista, o bispo de Angra fala ainda da visita do Papa Francisco a Portugal para o centenário das Aparições de Fátima.

“Tive esperança que o Santo Padre viesse aos Açores mas como a visita é só a Fátima faremos tudo para estarmos com ele e penso que vai ser um grande momento” afirma.

“Este Centenário ajuda-nos a reconhecer uma mensagem que é evangélica e está adequada aos sinais do tempo, com uma enorme atualidade até pela semelhança de acontecimentos entre 1917 e o mundo de hoje”, conclui.

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