“É urgente a reconstrução da sociedade” afirma D. João Lavrador

Bispo de Angra presidiu à festa de inauguração da sacristia da Igreja do Capelo na ilha do Faial

O bispo de Angra afirmou esta tarde, na ilha do Faial, que a sociedade precisa de ser reconstruída, depois desta pandemia, numa lógica “mais humana” e com “laços de fraternidade”.

“Tal como aconteceu com este templo, também a nossa sociedade está a ser fustigada pela pandemia do Covid/19 que fez desabar todos os seus projectos”, afirmou D. João Lavrador na homilia da missa de ação de graças pela reconstrução de parte da Igreja do Capelo destruída por um incêndio que deflagrou ao principio da noite do dia 4 de janeiro de 2020 e provocou danos estruturais na sacristia e no tecto da Capela-mor.

“É urgente a reconstrução da nossa sociedade que merece ser mais humana e com laços de fraternidade entre todos os homens” afirmou salientando que o futuro “só poderá ser construído com Deus, fundamentado na experiência do Seu amor, que nos impulsiona ao amor fraterno à partilha”.

“Nos tempos de desolação, dá a impressão de que estamos abandonados e as forças como que nos faltam e surge a sensação de resignação. Não é isso que acontece hoje, aqui, nem é isso que o Senhor Jesus Cristo quer de nós. Muito pelo contrário, quando Ele nos afirma «Eu estarei convosco até dos tempos» está a marcar a Sua presença permanente comungando de todos os sentimentos dos seus irmãos, quer de tristeza, quer de alegria”, adianta o prelado.

A Igreja do Capelo, dedicada à Santíssima Trindade, solenidade assinalada este domingo, reabriu completamente restaurada depois da recuperação feita na Sacristia e na Capela-mor.

A obra, que rondou os 100 mil euros e que contou com a ajuda do Governo Regional dos Açores e da população, demorou mais tempo do que o previsto devido à pandemia.

“Esta celebração oferece-nos igualmente a oportunidade de manifestarmos a nossa alegria pela recuperação deste templo atingido por um trágico incêndio o qual após algum tempo de elevado esforço dos residentes, dos seus filhos na diáspora, da partilha diocesana e dos poderes públicos, se apresenta de novo para acolher todos os fiéis que nele se sentem mais comunidade e nele celebram a sua fé em Jesus Cristo e se alimentam da Sua Palavra e dos Seus sacramentos” salientou o bispo de Angra.

“Neste domingo da Santíssima Trindade, a quem esta Igreja é dedicada, somos impelidos a deslocarmo-nos de nós mesmos e a ir ao encontro de toda e qualquer pessoa com o único objetivo de fazer discípulos” afirmou ainda ao destacar a importância .do anuncio na vida de um cristão mas também a necessidade de transformar Jesus em vida no quotidiano.

“Ser discípulo é viver em comunidade cristã e nela ser membro activo na partilha de dons e na tarefa evangelizadora que lhe cabe” referiu ao frisar a necessidade de “comunhão eclesial”, “unidade”, “corresponsabilidade” e “missão evangelizadora”.

“Nesta celebração com a qual damos graças a Deus pela reconstrução desta Igreja, é salutar escutarmos este convite a edificarmos a comunidade cristã, sempre ameaçada, como o foi este templo, mas sempre com capacidade, fortaleza e coragem para se rejuvenescer”, afirmou.

“Tudo isto é obra sem dúvida das capacidades humanas, da cooperação de todos envolvidos de espírito comunitário mas é antes de mais expressão da presença de Deus no meio do Seu Povo a quem fortalece, anima e encoraja com a Sua Graça”, enfatizou ao concluir a homilia pedindo aos diocesanos a capacidade de edificar “uma nova humanidade assente na verdade, na justiça, na paz, na liberdade, no bem e no amor” .

A Igreja de Santa Ana é um templo edificado no século XVII, mais propriamente em 1680 e veio substituir outro templo mais antigo, datado de 1600, que havia sido destruído pela crise vulcânica de 1672. É de referir que a erupção do Vulcão dos Capelinhos, ocorrida em 1957 também causou danos de monta nesta igreja, sem a destruir. Este templo apresenta-se dotado com apreciáveis dimensões e nela destacam-se os trabalhos feitos em cantaria de pedra basáltica de cor negra.

No último sismo forte que danificou grande parte do património religioso faialense, esta foi uma das igrejas poupadas, com menos danos estruturais.

 

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