Fugir das ondas

Por Renato Moura

Fujamos das ondas do mar: podem ser perigosas. Preocupemo-nos, também, com outras ondas.

Há mais gente na rua e em todos os locais: existe risco de haver portadores e transmissores do vírus provocador da Covid19. Tenhamos os cuidados essenciais para protecção própria e evitar risco aos demais, nomeadamente não participando em aglomerações e mantendo o distanciamento físico; que não é o desumano distanciamento social! Como a situação não é de guerra, quantos andam entre nós, mesmo se não açorianos, não são inimigos a abater.

Importa avaliar serena e ponderadamente onde está a onda de contágio e fugir dela.

Importa, todavia, ter em conta como o isolamento forçado, a solidão, a ansiedade, a angústia, a híper preocupação, o medo da doença e da morte, estão apavorando imensa gente. Há meses a hipocondria era tida como uma doença e agora há quem a queira transformar numa virtude! As reacções exageradas podem criar ou agravar doenças ou transtornos psiquiátricos, porventura piores que os danos da Covid.

Certamente com altruísmo, há quem queira impor aos parentes e amigos os cuidados e comportamentos onde alicerçam a sua quase infinita confiança e segurança; mas cuidam demasiado uns riscos e desacautelam outros. Aconselhem-se os próximos, mas cuide-se de não induzir o pânico. Respeite-se a individualidade de cada um. Se uns vivem com ânimo e fundada esperança, é cruel retirá-la.

Já alguns tomam como certas as sequelas da Covid19, mas não estão evitando as sequelas do pavor pela absorção de todas as patuscas informações negativas! Quando há uns dizendo preferir ter um cancro, em vez da Covid, ou outros, em caso de morte preferirem ser de coronavírus para constarem da estatística, os sinais já são de evidente desorientação e contradição; e de mau augúrio futuro.

Do sociólogo francês Gerard Mermet, retenhamos “O medo é muito contagioso” e segundo ele importaria inventar uma vacina contra o vírus do medo, mesmo antes da vacina contra o coronavírus.

Olhemos as consequências de um incêndio, onde geralmente morrem mais espezinhados na fuga, do que queimados. Importa fugir da onda do pessimismo absoluto e do pânico aterrador face à doença, embora grave, mas não tão exterminadora como se chegou a noticiar.

Aos mais responsáveis cumpre instruir no sentido de evitar que o bloqueio mental e as atitudes irracionais trucidem quem não morreria da doença. Se formos obrigados a viver com ela, importante é aprender, já. E quantos de Deus receberam o dom da fé, exercitem a indissociável esperança.

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