Gestão da Sata deve obedecer a critérios de “interesse publico e serviço ao bem comum” em vez da “ditadura do mercado”

Vigário Geral da Diocese presidiu à Eucaristia de ação de graças pelos 75 anos da companhia aerea açoriana

A Sata não só deve ser preservada como deve ser gerida de acordo com critérios de “interesse público e serviço ao bem comum”, disse esta manhã o Vigário Geral da Diocese de Angra durante a Eucaristia de ação de graças pelos 75 anos da transportadora aérea regional, celebrada na Igreja de São José, em Ponta Delgada.

Em representação do Bispo de Angra, o Cónego Hélder Fonseca Mendes referiu-se à companhia como sendo uma das entidades , “com uma vocação local e universal” que ajudou “a fazer dos Açores um só Povo”, permitindo o “encontro, a união e a mútua comunicação entre as pessoas”.

“Nesta hora, duas parábolas do Evangelho veem-nos à mente: a dos talentos e a do bom administrador: a primeira para nos ensinar que aquilo que os fundadores lançaram há 74 anos tem sido posto a render, tende a render mais, não se pode enterrar; a outra parábola diz que a cada geração cabe administrar justamente aquilo que recebeu da anterior, pondo a render às gerações presente e futuras, sabendo que um dia todos teremos de deixar a administração” disse o sacerdote frisando que “é um modo simpático de dizer que não somos donos, mas servos”.

Sublinhando o contributo da companhia para o reforço da coesão dos Açores e dos Açorianos, embora “sempre à escala de cada ilha” pois “essa é nossa medida, em que cada uma tem de respeitar a diferença da outra”, o Vigário Geral da Diocese lembrou que “os critérios do futuro não serão então os da ditadura do mercado, mas os de interesse público e de serviço ao bem comum”.

Referindo-se à história da companhia que “é familiar a todos aos açorianos, transversal a todas as gerações” lembrou que a Sata tem sido fruto “de esforço, de trabalho e de dedicação” e também “de risco”, com custos humanos, nomeadamente depois do acidente do Pico da Esperança, cujas vitimas também estiveram presentes nesta Missa, concelebrada pelo pároco de São José, Pe Duarte Melo.

“Trata-se de um percurso longo que honra a memória dos fundadores e dignifica todos quantos nela trabalham e viajam”, disse o sacerdote, pároco da Sé, lembrando que “as viagens não são apenas escalas técnicas, mas lugres de relações e sentimentos humanos, de chegadas e partidas, de lágrimas ora de contentamento ora de tristeza, de encontros e de separação”.

A Sata está a comemorar os 75 anos de existência, enfrentando um plano de reestruturação técnica e financeira, que visa a ultrapassagem de um défice crónico, que tem vindo a crescer.

Na missa de ação de graças o Vigário Geral lembrou que esta companhia, à semelhança de outras entidades, nos últimos 40 anos, têm ajudado a construir a coesão do arquipélago e por isso devem merecer o carinho de todos, sobretudo porque têm em comum o facto de  “serem da própria terra, sem deixar de ser do mundo, com janelas e com antenas, a dar e receber”.

Aliás, a este propósito o Cónego Hélder Fonseca Mendes lembrou que neste último século, estas entidades- Sata, RTP Açores e Universidade dos Açores- têm prolongado um papel iniciado há cinco séculos pela Igreja que foi a primeira experiência de vivência autonómica de sucesso nos Açores.

Na missa de ação de graças participaram o Conselho de Administração da Empresa bem o acionista público, o Governo Regional dos Açores, através da presença do Secretário Regional da Economia e do Turismo, Vitor Fraga, para além de inúmeros trabalhadores

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