Igreja celebra Dia das Missões em ano de sensibilização especial das comunidades católicas

Imprensa missionária quer despertar consciências sobre realidades ignoradas

A Igreja Católica celebra este domingo o Dia Mundial das Missões, num momento em que as comunidades católicas portuguesas vivem um momento especial de sensibilização para esta dimensão da sua fé.

A Conferência Episcopal Portuguesa promove um Ano Missionário em todas as dioceses católicas do país, de outubro de 2018 a outubro de 2019, respondendo a uma iniciativa do Papa Francisco.

“Ao longo deste Ano Missionário, façamos todos – bispos, padres, diáconos, consagrados e consagradas, adultos, jovens, adolescentes, crianças – a experiência da missão. Sair. Irmos até uma outra paróquia, uma outra diocese, um outro país em missão, para sentirmos que somos chamados por vocação a sermos universais”, refere a Nota Pastoral ‘Todos, Tudo e Sempre em Missão’.

O documento surge depois de o Papa ter convocado um “mês missionário extraordinário” para outubro de 2019, por ocasião do centenário da Carta Apostólica Maximum Illud, de Bento XV.

Já na sua mensagem para o Dia Mundial das Missões 2018, Francisco desafia Igreja Católica a “juntamente com os jovens”, refletir a missão de cada um ao “ser atraído e ser enviado”.

“Ser atraídos e ser enviados são os dois movimentos que o nosso coração, sobretudo quando é jovem em idade, sente como forças interiores do amor que prometem futuro e impelem a nossa existência para a frente. Ninguém, como os jovens, sente quanto irrompe a vida e atrai”, refere o Papa.

A celebração deste ano coincide com os trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre os jovens e tem como tema “Juntamente com os jovens, levemos o Evangelho a todos”.

A celebração do Dia Mundial das Missões vai estar em destaque na edição deste domingo do Programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública (06h00), com um olhar sobre várias publicações da imprensa missionária em Portugal.

O padre Vitor Silva, chefe de redação da revista ‘Ação Missionária’, nascida oficialmente em 1940, fala de uma redação internacional que junta missionários leigos e religiosos que dão conta do trabalho que desenvolvem, procurando formar consciências.

“Não falta consciência missionária. Se não estivermos distraídos podemos encontrar muitos testemunhos, que na altura em que eu era jovem não se escutavam: hoje encontramos pessoas empenhadas que usam a criatividade para chegar a outros jovens”, precisa.

Segundo o responsável, a ideia de alargar a formação missionária tem já “alguns anos”.

“Se calhar este é o momento para questionar a qualidade da nossa formação, sobretudo sobre o desenvolvimento da consciência missionária. Quando falamos de missão, não se trata daquela lá fora, mas aquela que começa a ser a missão de primeiríssima evangelização que começa a ser o nosso país, cada vez mais”, observa o religioso.

O padre Albino Brás, diretor da revista ‘Fátima Missionária’, apresenta uma publicação de inspiração cristã que procura abordar todas as temáticas relacionadas com a missão da Igreja.

“Procuramos responder a uma lacuna, até dentro dos órgãos da Igreja, que abordam muito o nacional e menos o internacional, sobretudo dos países do sul do mundo, os mais pobres, em geral”, realça.

Os missionários são os correspondentes que, “sem as técnicas dos jornalistas profissionais” enviam crónicas e testemunhos que a redação da revista procura divulgar.

“Temos espaço para estas temáticas que, para nós são importantes, à luz da missão do Evangelho e da dimensão missionária da Igreja, questões de justiça e paz, direitos humanos, tráfico humano”.

Para o padre Albino Brás, a missão continua a ser uma “questão pendente na Igreja em Portugal”.

“Falta compromisso, falta empenho, dizer «vamos fazer isto». E vemos isto através de sinais: Durante oito anos fui coordenador do curso de Missiologia, da responsabilidade das Obras Missionárias Pontifícias e dos Institutos Missionários Ad gentes, que neste ano cumpre 25 anos. E de ano para ano, algo se mantinha: a ausência de sacerdotes diocesanos. No entanto, encontram-se muitos em encontros de liturgia, de pastoral diversa. Sempre me questionou isso”, adverte.

Ao longo da última semana, o Programa ECCLESIA apresentou também histórias de missão, como a do casal Rui Vieira e Susana Magalhães, que decidiram passar a lua de mel na Diocese de Pemba, em Moçambique, no âmbito do projeto de cooperação entre a Arquidiocese de Braga e a paróquia de Santa Cecília, em Ocua.

As várias emissões, de segunda a sexta-feira (22h45), na Antena 1, abordaram ainda o trabalho dos grupos de apoio ao trabalho missionária de várias congregações.

(Com Ecclesia)

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