Igreja tem de olhar para a família como “sujeito de pastoral” e não “apenas como destinatária” das suas ações, diz Juan Ambrósio

Teólogo, professor da  Universidade Católica, profere conferência que assinalou o Dia Mundial da Família

A igreja tem de olhar para a família “como sujeito da pastoral e não apenas como destinatária” afirmou o teólogo Juan Ambrósio, convidado pelo Secretariado Diocesano da Pastoral da Família para as celebrações do Dia Mundial da família, que se realizaram na Ribeira Grande, em estreita articulação com a Ouvidoria da cidade norte da ilha de São Miguel e o Instituto Católico de Cultura.

Na conferência “Construir o Futuro. Desafios e Oportunidades: Uma reflexão no contexto de dois Sínodos: a Família e os Jovens” o professor  da Universidade Católica Portuguesa  partiu dos vários documentos publicados já no pontificado de Francisco, desde a Alegria no Evangelho à Alegria do Amor, passando por documentos como a Laudato Si, a Misericordiae Vultus, para sublinhar a importância da Igreja apresentar uma nova estratégia de comunicação do seu modelo de família, da sua validade e atualidade e, sobretudo, da sua importância para o desenvolvimento de uma sociedade.

Para Juan Ambrósio a igreja deve “repensar” o modo como propõe a visão cristã do matrimónio e da família, “encontrando formas de linguagem, atitudes de vida, e gestos de compreensão que ajudem a entender que não estamos no âmbito de uma lei a cumprir, mas de um dom a acolher, uma possibilidade de sentido, uma promessa de esperança” pois os “aspetos jurídicos- institucionais, por mais indispensáveis que sejam, têm por base e só fazem sentido se suportados pelo amor vivido em entrega e doação gratuita”.

A igreja deve promover “uma  pastoral familiar atravessada em todas as suas expressões por um olhar realista, mas positivo e de esperança, sobre a vida conjugal e familiar”, frisou o teólogo para quem a Igreja se deve esforçar por testemunhar “que um casamento com possibilidade de ser feliz é aquele que se realiza com a intenção de ser para toda a vida, mas tendo sempre presente “ que o amor como relação entre duas pessoas numa história partilhada de vida pode, infelizmente morrer”.

Por outro lado, referiu a questão da fidelidade e da indissolubilidade “como dom a acolher “ mas destacando que “Oo sentido fundamental da afirmação da indissolubilidade passará mais pela compreensão de que não é uma realidade disponível ao sabor do arbítrio humano, do que pela sua tradução imediata em categorias metafísicas e jurídicas”.

“O matrimónio é sacramento da vida quotidiana” sublinhou o teólogo destacando que, também por isso, o “matrimónio cristão só faz sentido dentro de um contexto de fé e a partir da fé”, isto é, “olhando para o amor, a sexualidade, o casamento e a família como uma realidade boa da criação”.

O ouvidor da Ribeira Grande, Pe. Vitor Medeiros abriu a sessão que assinalou o dia Mundial da Família para lembrar a “oportunidade” da data e a importância desta realidade nuclear da sociedade “como o berço e lugar primeiro onde se partilham relações e afectos”.

“Num tempo de dificuldades, em que o conceito de família está a mudar, é bom não perder de vista que as famílias não são peças de museu mas a célula fundamental da sociedade”, disse o ouvidor eclesiástico da Ribeira Grande

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