“O populismo é uma forma falsa de defesa dos direitos humanos”, diz assistente diocesano da Comissão Justiça e Paz

Nova Comissão acaba de ser nomeada e envolve elementos das três vigararias da diocese

A Igreja tem de estar atenta ao diálogo com o Mundo e deve pugnar pela aplicação dos princípios da Doutrina Social das Igreja mantendo sempre uma sã separação do poder político, afirma o assistente diocesano da Comissão Justiça e Paz que acaba de ser reconduzido neste organismo laical da Igreja.

“A promiscuidade entre política e religião deu muitos amargos de boca; hoje em dia uma sã separação entre a Igreja, a religião e o estado fazem parte de qualquer democracia e, num estado de direito é fundamental que haja isto” refere o Pe. Júlio Rocha que aponta o dedo aos “políticos populistas” que buscam o apoio e tentam tirar partido do descontentamento dos cristãos em proveito próprio.

“O discurso do medo, que é nitidamente populista;  o discurso xenófobo, o desprezo por aqueles que foram forçados ao exílio é um drama humano que não pode ser tratado por cassetetes de polícias nem com a indiferença fingida de quem tem o poder” refere o sacerdote numa entrevista ao programa de rádio Igreja Açores na semana em que a nova Comissão liderada por Aurélio da Fonseca foi nomeada.

“Os dramas humanos são dramas brutais” acrescenta lembrando que as questões da pobreza serão os principais desafios desta Comissão.

“Somos a região mais pobre de Portugal e isto assusta-nos” refere lembrando que perante os níveis de pobreza que existem nos Açores, pode fazer com que se olhe para este problema com algum “fatalismo ou algo inevitável”.

“Estes problemas fazem-nos pensar que a pobreza é algo endémico e, de facto, um dos principais problemas da pobreza é a falta de expetativas das pessoas”, destaca sublinhando que deve ser um problema prioritário para todos os cristãos.

“Tendo em conta a dimensão assustadora da pobreza nos Açores, nós devemos todos empenhar-nos” afirma.

“Andamos a dourar altares, a pintar santos, e isso é importante mas temos de ter estruturas paroquiais que respondam a estes problemas sociais”, frisa.

“Todo o cristão deve ter o sentido social da pobreza e deve atuar na raíz dos problemas”, diz ainda.

A entrevista do Pe. Júlio Rocha, que vai para o ar no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, ao meio dia deste domingo, revela que esta nova Comissão Justiça e Paz está a preparar uma reflexão sobre o Dia Mundial da Paz, onde seguindo a linha do Papa, irá pronunciar-se sobre a necessidade dos políticos agirem de acordo com um código de bem-aventuranças.

O sacerdote que é professor de Teologia Moral no Seminário de Angra onde ensina também Doutrina Social da Igreja, lembra, ainda, que esta Comissão deve ser capaz de responder às demandas que a sociedade coloca, assumindo-se como um porta-voz da Igreja para as questões sociais, que “são cada vez mais prementes”. Para isso conta com a intervenção de cada um dos membros cuja pluralidade de intervenção passa pela Ética, Teologia, Sociologia, Gestão ou Economia.

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