Os cristãos devem ser “pacientes” e “compassivos” mesmo diante do mal do mundo, desafia o pregador da festa do Senhor Bom Jesus Milagroso

Sexto dia do novenário sublinha o triunfo do bem sobre o mal

Ao sexto dia do novenário da festa do Senhor Bom Jesus Milagroso, na ilha do Pico, o pregador afirmou que a vida, embora não seja um mundo perfeito, exije de todos e cada um dos cristãos uma atitude “paciente e compassiva” à imagem de Deus.

“Apesar das coisas ruins que abundam na vida das estruturas, das instituições, das famílias, dos amigos e de nós próprios o bem triunfará sempre” disse o Pe. Marco Gomes lembrando que a história de Deus é sempre uma história de salvação e “de triunfo do bem sobre o mal”.

“Em todo o lado existe o mal: na igreja, nas famílias, nas nossas vidas porque o mundo não é perfeito e todos nós já experimentámos que onde há o bem há também o mal; onde há amor há também ódio; onde há bondade há também ruindade”, explicitou. Mas, “aquilo que Jesus nos ensina é a termos esperança sem paternalismos, sem julgamentos e sem nos pormos em bicos de pés achando que somos melhores que os outros” afirmou o sacerdote.

“Atitudes beatas só dividem a comunidade e espantam a freguesia e fazem de nós erva ruim” precisou desafiando os peregrinos destas importantes festas do Pico a “não deixarem que cresçam ervas daninhas no coração” e “se o mal grassa à nossa volta é porque vamos fazendo orelhas mocas e resignando perante o bem”.

“Temos de ser exigentes connosco próprios porque o reino de Deus é para hoje, aqui e agora, nesta terra do Pico”, frisou ainda.

O sacerdote, que é natural de Santa Maria e atualmente serve a comunidade paroquial da Fajã de Cima, em Ponta Delgada, lembrou ainda a partir do Evangelho, que nem sempre é fácil distinguir o trigo do joio, isto é, o bem do mal, “a bondade da ruindade” mas, mesmo assim, não vale a pena ter atitudes precipitadas.

“Se fosse uma horta, uma quinta ou uma cultura era fácil mondar as ervas daninhas, mas não é assim que Deus ensina”, refere lembrando que não serve de nada “cortar o mal pela raíz porque ele cresce de novo”.

“Tal como na parábola do trigo e do joio deixemo-los crescer aos dois e depois só um vingará e esse será sempre o trigo por isso façamos esse exame de consciência e vejamos que tipo de semente deixamos crescer no nosso coração”, concluiu o Pe. Marco Bettencourt Gomes.

Este sexto dia do novenário contou com uma participação especial na assembleia do Santuário: um grupo da comunidade das Pontas Negras, da paróquia de Santa Cruz das Ribeiras, que entregou à guarda do Santuário do Senhor Jesus a imagem da sua padroeira Nossa Senhora do Rosário de Fátima que incorporará a procissão do próximo domingo em vez da tradicional imagem de Nossa Senhora da Compaixão.

“Esta comunidade é a única na ilha do Pico a ter como padroeira Nossa Senhora do Rosário de Fátima e no ano em que se celebra o centenário das aparições não quisemos que a nossa união fosse apenas no tema destas festas” disse o reitor do Santuário do Senhor Bom Jesus Milagroso, Pe. Marco Martinho no final da celebração.

“A presença desta imagem, que já está junto aos pastorinhos, a sua veneração e a incorporação na procissão são também uma forma de abraçarmos o Santuário de Fátima a partir do Pico”, concluiu o sacerdote que é também o ouvidor da ilha do Pico.

O novenário de hoje concelebrado por vários sacerdotes terminou com a incensação da imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e um cântico mariano.

Seguiu-se a inauguração de uma exposição de fotografia levada a cabo pelas comunidades educativas de São Mateus e São Caetano, no Salão Paroquial.

O Novenário termina sexta feira. No fim de semana o Pico contará com a presença do bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos que irá presidir à solenidade do Senhor Bom Jesus Milagroso, no domingo.

As Festas do Senhor Bom Jesus Milagroso no Pico remontam ao ano de 1862, quando o emigrante Francisco Ferreira Goulart trouxe do Brasil uma imagem do Senhor Bom Jesus, cópia fiel daquelas que se veneram. Esta devoção já cá existia, venerando-se imagens do Senhor Crucificado, como se pode ainda ver nos Inventários das Igrejas Paroquiais. Mas foi a partir da chegada da Imagem a São Mateus do Pico, que mais se intensificou a devoção ao Ecce Homo.

 

[FAG id=20673]

Scroll to Top