Pandemia mostrou necessidade de cuidar de todos, defende o Papa

Francisco presidiu à recitação do ângelus, no primeiro dia de 2021, deixando votos de paz e de esperança para o novo ano

O Papa disse hoje no Vaticano que a pandemia da Covid-19 mostrou ao mundo a necessidade de cuidar de todos, desejando que 2021 seja um ano de paz e de esperança.

“Os dolorosos acontecimentos que marcaram o caminho da humanidade no ano passado, especialmente a pandemia, ensinam-nos como é necessário interessar-nos pelos problemas dos outros e compartilhar as suas preocupações”, referiu, na biblioteca do Palácio Apostólico, onde presidiu à recitação do ângelus, com transmissão online.

Francisco falou de pé, durante cerca de 10 minutos, depois de ter abdicado de presidir às celebrações na Basílica de São Pedro, nesta quinta e sexta-feira, por causa de uma “dolorosa” inflamação no nervo ciático, segundo informação da Santa Sé.

No início de 2021, o Papa desejou que o ano seja dedicado ao “crescimento humano e espiritual”.

“Que seja tempo de superar ódio e divisões, e há tantas; que seja hora de nos sentirmos todos mais irmãos, que seja hora de construir e não de destruir, cuidando uns dos outros e da criação”, acrescentou.

O meu desejo é que a paz reine no coração dos homens e nas famílias; no trabalho e lazer; nas comunidades e nações. Nas famílias, no trabalho, nas nações: paz, paz”.

Citando a sua mensagem para o 54.º Dia Mundial da Paz, Francisco falou da “cultura do cuidado” e da necessidade de construir “uma sociedade fundada nas relações de fraternidade”, com atenção “ao irmão que precisa de uma palavra de conforto, de um gesto de ternura, de ajuda solidária”.

“Trata-se de desenvolver uma mentalidade e uma cultura do cuidado, para vencer a indiferença, a rejeição e a rivalidade, que infelizmente prevalecem”, precisou.

O Papa sustentou que a paz “não é apenas ausência de guerra”, mas “uma vida cheia de sentido, construída e vivida na realização pessoal e na partilha fraterna com os outros”.

“A paz é acima de tudo um dom, dom de Deus. Deve ser implorada com oração incessante, sustentada com diálogo paciente e respeitoso, construída com uma colaboração aberta à verdade e à justiça, sempre atenta às aspirações legítimas das pessoas e dos povos”, indicou.

Após a oração, Francisco lamentou o aumento da violência no Iémen, “que está a causar numerosas vítimas inocentes”, pedindo que se encontrem soluções que “permitam o regresso da paz para estas populações martirizadas”

“Irmãos e irmãs, pensemos nas crianças do Iémen, sem educação, sem medicamentos, com fome. Rezemos juntos pelo Iémen”, apelou.

A intervenção evocou ainda a situação de D. Moses Chikwe, bispo auxiliar da Arquidiocese católica de Owerri, na Nigéria, raptado no último domingo.

Francisco convidou a rezar pelo responsável católico e o seu motorista, também sequestrado, para que sejam libertados e para que a Nigéria “reencontre a segurança, a concórdia e a paz”

“A todos desejo um ano de paz, um ano de esperança”, concluiu.

Papa apresenta “cuidado” do próximo como “vacina para o coração”

“Neste ano, enquanto aguardamos um renascimento e novos tratamentos, não negligenciemos o cuidado. Com efeito, além da vacina para o corpo, é necessária a vacina para o coração: é o cuidado. Será um bom ano se cuidarmos dos outros, como Nossa Senhora faz connosco”, escreveu Francisco, num texto lido durante a Missa da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, e Dia Mundial da Paz, pelo cardeal Pietro Parolin.

A celebração foi presidida pelo Secretário de Estado dado que o Papa se encontra limitado por uma “dolorosa” inflamação no nervo ciático, segundo informou esta quinta-feira a sala de imprensa da Santa Sé.

“Como é importante educar o coração para o cuidado, para cuidar das pessoas e das coisas. Tudo começa daqui, de cuidarmos dos outros, do mundo, da criação. Pouco aproveita conhecer muitas pessoas e muitas coisas, se não cuidarmos delas”.

A reflexão do Papa destaca a importância de “bendizer, em nome de Deus”, e de evitar a tentação da maledicência.

“O mundo está gravemente poluído pelo dizer mal e pensar mal dos outros, da sociedade, de nós mesmos. De facto, a maledicência corrompe, faz degenerar tudo, enquanto a bênção regenera, dá força para recomeçar”, indica.

Francisco elogia a “concretude paciente” das mulheres, capazes de “tecer os fios da vida” e de a fazer nascer.

“Não estamos no mundo para morrer, mas para gerar vida. E a santa Mãe de Deus ensina-nos que o primeiro passo para dar vida àquilo que nos rodeia é amá-lo dentro de nós”, sustenta.

Uma semana depois do Natal, o Papa refere que Jesus “nasce de mulher e revoluciona a história com a ternura”.

A reflexão desafia os católicos a encontrar “tempo” para Deus e para os outros, em particular “para quem está só, para quem sofre, para quem precisa de escuta e atenção”.

“Que Nossa Senhora, que trouxe Deus ao tempo, nos ajude a dar o nosso tempo. Santa Mãe de Deus, nós Vos consagramos o novo ano. Vós que sabeis guardar no coração, cuidai de nós. Abençoai o nosso tempo e ensinai-nos a encontrar tempo para Deus e para os outros. Com alegria e confiança, nós Vos aclamamos: Santa Mãe de Deus”, termina a homilia, proferida pelo secretário de Estado do Vaticano.

(Com Ecclesia)

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