Paróquias açorianas preparam-se para o grande teste do primeiro fim de semana com a presença de fieis

Algumas Igrejas organizaram equipas “da ordem e do acolhimento”. Prudência e obediência às regras sanitárias é a palavra de ordem. Apesar da reabertura das Igrejas, párocos  asseguram transmissões no facebook

Este fim de semana será o primeiro grande teste aos cristãos açorianos: igrejas reabertas ao fim de dois meses, celebrações com a presença física de fieis e novas regras de participação na Eucaristia.

“Este fim-de-semana será, sobretudo, um teste às nossas equipas de acolhimento, à reorganização do espaço litúrgico e aos horários oferecidos pela Paróquia para as celebrações litúrgicas. Por isso mesmo, será também com base neste fim-de-semana que a paróquia possa apresentar mais oferta de horários para a celebração da Eucaristia, de forma a que ninguém seja privado dela devido à lotação do templo” adianta o administrador paroquial da paróquia de Porto Judeu, na ilha Terceira.

Em declarações ao Igreja Açores, o padre Nelson Pereira lembra que as paróquias de Nossa Senhora das Mercês – Feteira e Santo António do Porto Judeu- retomaram as Eucaristias com a presença física dos fiéis, no passado dia 18, mas o grande teste é no fim de semana.

“Todo este processo foi preparado minuciosamente com uma equipa de leigos que irá compor uma equipa de acolhimento”, esclarece.

A “equipa de ordem e acolhimento” é composta por fiéis leigos que, na passada semana, estiveram presentes num encontro formativo de forma a ajudarem a colocar em marcha todas as orientações emanadas da Conferência Episcopal Portuguesa e da Autoridade Regional de Saúde. Este grupo acompanha as pessoas aos lugares destinados, ajuda na orientação da comunhão, zela pelo cumprimento de todas as regras de segurança e higiene e desinfeta a Igreja no final das celebrações.

Desta forma, colocou-se, em primeiro lugar, “sinalética respeitante aos percursos de entrada e saída da Igreja; sobre o distanciamento necessário entre os fiéis; sobre a distância de segurança na fila da comunhão; e sobre todos os procedimentos a realizar durante a celebração litúrgica”, adianta o sacerdote, um dos mais jovens da diocese.

As paróquias disponibilizam aos seus fiéis dispensadores com gel desinfetante que permite a higienização das mãos à entrada e saída da Igreja, bem como antes e depois da comunhão.  Por outro lado, disponibilizam-se também máscaras descartáveis às pessoas que ainda não as possuem.

Embora o regresso às celebrações com fieis seja “uma alegria”, a Eucaristia continuará a ser transmitida pelas redes sociais ao domingo para não deixar de fora as pessoas pertencentes a grupos de risco “ou que ainda tenham medo ou receio de regressar”, adianta ainda.

“Ao contrário daquilo que pensava inicialmente, a adesão das pessoas quer às celebrações, quer às medidas impostas, tem sido muito positiva. Denota-se uma certa «saudade» da Eucaristia que levou a que muitas pessoas, já durante a semana, participassem na Missa ferial” diz o padre Nelson Pereira, salientando que as pessoas têm sido muito colaborativas.

“Depois de dois meses onde fomos privados das celebrações centrais do calendário da Igreja, privados do contato direto com os paroquianos, privados de todas as atividades pastorais, abre-se agora a possibilidade de retomar algumas destas atividades, embora com todas as restrições necessárias”.

Contudo, “este tempo é também encarado por mim como um tempo de grande desafio e responsabilidade. Não fomos preparados para situações como esta, aliás ninguém o foi. Por isso mesmo, é necessário que as paróquias retomem a sua pastoral com toda a segurança e cautela necessária, de forma a não colocar em risco de saúde os seus paroquianos”, alerta o sacerdote terceirense que elogia o trabalho dos vários colegas neste tempo de privação.

“As paróquias tiveram a capacidade rápida de adaptação a estas circunstâncias, não permitindo que os templos fechados fossem um impedimento à vida da Igreja, na dimensão celebrativa, caritativa, catequética e pastoral”, frisa.

“No meio da escuridão e incerteza, em que as nossas vidas se tornaram, a Igreja, com os seus pastores, foi uma centelha de luz e esperança que acompanhou as pessoas em verdadeiro contexto de Igreja doméstica” acrescenta.

As igrejas açorianas não abriram todas no mesmo dia. Aliás, nas ilhas de São Miguel e Graciosa só reabrirão no dia 31 de maio.

No Pico, uma das ilhas com menos casos de Covid-19 também já foram retomadas as celebrações. Na Madalena e em São Mateus, durante os dois meses em que as celebrações com a presença de fieis estiveram suspensas as igrejas permaneceram sempre abertas, como adiantou ao Igreja Açores o ouvidor, padre Marco Martinho.

“Durante estes dois meses em que não celebramos com a presença física dos fieis, as igrejas que sirvo, continuaram sempre abertas para a oração pessoal de todos os fieis que o desejaram fazer particularmente” avançou o sacerdote.

O fim do confinamento obrigou a uma limpeza e higienização profunda de toda a igreja, pelos voluntários paroquiais que habitualmente o fazem.

“Assinalamos nos bancos os lugares onde os fieis se devem sentar, respeitando as distancias recomendadas, assim como no corredor central da igreja as distancias a ter no momento da procissão para receber a Sagrada Comunhão”, salienta ainda. As portas do guarda-vento estão constantemente abertas para a entrada e saída dos fieis, tendo à entrada dispensadores de álcool gel para a higienização das mãos, tal como máscaras para quem se esqueça de a trazer. Estão também afixadas todas as normas a ter na entrada, permanência e saída dos templos.

“Nas celebrações dominicais estarão chefes de escuteiros a acolher os fieis e a orienta-los no uso da máscara, na higienização das mãos e nos lugares onde se devem sentar” informa o sacerdote que confia “numa séria e consciente adesão”.

“Já tinha saudades de celebrar com a presença física dos fieis. Tinha saudades de ver o meu povo nos bancos da igreja. Desde a suspensão das celebrações com a presença física dos fieis tenho celebrado todos os dias e olhar os bancos vazios da igreja não tem sido fácil” adianta o padre Marco Martinho.

“A todos sempre tive presente sobre o altar, mas agora já os posso ver ao longo do templo, já os posso ouvir nos diálogos litúrgicos, o que me enche a alma e o coração de alegria. Este é um tempo de ação de graças por podermos voltar, mas também um tempo de gestos responsáveis no combate à propagação desta pandemia”, conclui.

Com a retoma gradual e progressiva das celebrações comunitárias, primeiro no dia 18 para as ilhas do Corvo, Flores, Pico, Faial, São Jorge, Terceira e Santa Maria e no próximo dia 31 em São Miguel e Santa Maria, os fieis são convidados a obedecer a algumas regras definidas pela autoridade de saúde em sintonia com a autoridade de saúde.

A partir do dia 15 de junho realiza-se a Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, que tem como ponto principal a eleição dos órgãos da CEP, um “processo normal a cada três anos”, assim como as nomeações das várias comissões episcopais; nesta reunião, adiada de abril para o mês de junto, está previsto também “um ponto de reflexão sobre a pandemia”.

“Será uma assembleia mais breve para quem tem poder de voto, bispos diocesanos e auxiliares, com a presença física, em Fátima, sob todas as normas de segurança e higiene das autoridades de saúde”, referiu o padre Manuel Barbosa.

 

Scroll to Top