Procissão de Passos regressou à cidade Património este domingo

Foto: Igreja Açores/EM

Iniciativa é promovida pela Irmandade de Santa Cruz e Passos

A Irmandade de Santa Cruz e Passos, com sede na igreja do Colégio, Angra do Heroísmo, promove este domingo, a partir das 15h00, a  tradicional Procissão dos Passos, em Angra do Heroísmo.

O cortejo processional é uma organização da Irmandade de Santa Cruz e Passos da Igreja do Colégio de Angra, e inicia-se no Santuário da Conceição de Angra, pelas 15h00, recolhendo à Igreja do Colégio. O sermão foi proferido pelo Reitor do Seminário Episcopal de Angra, padre Hélder Miranda Alexandre.

“Esta devoção dos Passos de Cristo é, antes de mais e acima de tudo, uma profissão de fé na ressurreição” disse o reitor.

“É aí que está a nossa identidade. Somos gente salva por Cristo pela sua ressurreição. Por isso, esta celebração que nos congrega não é fatalismo, mas uma confissão de fé pessoal e comunitária, em Cristo Senhor e Redentor, Ressuscitado e vivo entre nós” disse ainda o Reitor, que no sermão falou do sofrimento e da guerra.

“Rezemos para que a ressurreição se faça realidade! Rezemos pela Paz na Ucrânia e por todos os sofrimentos que esmagam as nossas famílias”.

Já na Igreja do Colégio foi celebrada uma missa, presidida pelo bispo de Angra, D. Armando Esteves, que participa pela primeira vez nesta festa da cidade de Angra.

“Não é fácil transformar a dor em amor, mas quem ama é capaz de entender que a cruz também pode ser amor” disse D. Armando Esteves exemplificando com as dores de Maria, naquele encontro com o filho, a caminho do calvário, “que o diga a mãe quando gera uma vida nova, o sofrimento que se transforma em amor”.

Ainda, a partir da liturgia deste II Domingo da Quaresma, que nos apresenta a figura da transfiguração, D. Armando Esteves falou de “um momento extraordinário” em que Jesus é claro, quando diz aos discípulos quem quiser seguir-me tome a sua cruz e siga-me”.

Tal como os discípulos que estavam preocupados em ver quem era o maior, “também nós muitas vezes queremos instrumentalizar Jesus colocando-o ao serviço dos nossos projectos”, afirmou.

“Jesus lança-nos o desafio de fazermos o caminho com o Senhor, sem atalhos, mesmo com a cruz do dia a dia, a cruz dos problemas, dos males que nos rodeiam, podemos ir atrás de Jesus” enfatizou lembrando que ir atrás dele pressupõe acreditar na glória que está por detrás da morte”.

“Neste dia e nesta celebração olhemos para cada perda, para cada cruz e para cada passo, mas olhemos sobretudo para a glória deste caminho, seguindo Jesus. Como? Escutando a sua palavra, participando na Eucaristia, caminhando em conjunto” conclui D. Armando Esteves.

“Ouçamos o grito do Senhor dos Passos feito por cada um dos irmãos e procuremos acudi-lo”

As procissões de Passos foram trazidas para os Açores pelos seus primeiros povoadores, vindos do continente, onde eram manifestações litúrgicas e populares de fé, entre o Século XIV e XVIII, em muitas das cidades e vilas.

Dos Açores foram levadas para o Brasil, onde, ainda hoje são das maiores manifestações religiosas em Florianópolis (Santa Catarina) e Olinda (Rio Grande do Sul) .

A imagem do Senhor dos Passos, normalmente de tamanho natural, representa Jesus, sob o madeiro, numa das quedas a Caminho do Calvário, “como que a prevenir quem quer que passe das nossas próprias quedas da vida, nas vias não sacras do mundo em que vivemos, onde os ‘Herodes’ e os  ‘Pilatos’, abundam mais que as ‘Verónicas’, ou ‘Cerineus’,  e nos ajudam a levar as nossas próprias cruzes”, acrescenta ainda o Reitor do santuário mariano da cidade de Angra.

No decurso do giro da procissão dar-se-á o encontro da imagem do Filho, com a Mãe, Nossa Senhora das Dores, onde os fiéis aguardam o designado “Sermão do Encontro”

As procissões de Passos são comuns no arquipélago, particularmente relevantes nas paróquias e ouvidorias onde existem fraternidades franciscanas ainda ativas, como na Horta ou na Ribeira Grande, para além de Angra do Heroísmo.

 

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