Quatro dezenas de mensageiros açorianos de palmo e meio experimentam a universalidade da igreja a partir de Fátima

Crianças de São Jorge, Terceira e São Miguel participam na Peregrinação das Crianças promovida pelo Santuário de Fátima, que se realiza este fim de semana na Cova da Iria, sob o tema “temos Mãe! Obrigada jesus”

Para a maioria é a primeira vez que Fátima, enquanto lugar, entra nas suas vidas mas a preparação que trazem e a forma entusiástica como vivem estes três dias, num clima de entre-ajuda, é um passo de gigante na educação para a fé.

“Hoje há uma aprendizagem muito individualizada da fé e ao participarem nesta peregrinação e na Eucaristia,  num recinto tão grande e com tanta gente,  estas crianças experimentam uma vivência mais comunitária e mais universal da fé, em que eles não são apenas o sujeito que aprende mas parte de um grupo que se ajuda entre si e isso é muito importante na educação para a fé” avança ao Igreja Açores o Pe. Júlio Rocha, assistente do Movimento da Mensagem de Fátima(MMF), que acompanha estas crianças, juntamente com catequistas e responsáveis do secretariado diocesano do MMF.

“Eles vêm a Fátima e ficam espantados com a sua grandeza: as basílicas, o recinto, os Valinhos… tudo os entusiasma mas levam também uma mensagem de partilha, de amizade, de encontro e da grandeza que é a fé” esclarece o sacerdote sublinhando que muitas destas crianças acabam por perceber, a partir deste lugar que “mais do que qualquer outro lugar em Portugal  traz a Universalidade da Igreja”, que  a “fé ultrapassa o que aprendem na catequese e que é muito importante”.

A Peregrinação das Crianças começa este sábado com o acolhimento e o rosário, na Capelinha das Aparições; prossegue com a participação das crianças na Procissão das Velas e depois haverá a exibição de um pequeno filme sobre o tema da Peregrinação “Temos Mãe! Obrigada Jesus”, a partir da afirmação do Papa Francisco sobre Nossa Senhora, em maio de 2017, na Cova da Iria.

O Santuário de Fátima espera milhares de crianças para a peregrinação anual dos mais novos, oriundas de todas as dioceses do país. Estas celebrações de 2018 vão ser presididas pelo bispo auxiliar de Braga, D. Nuno Almeida.

O principal objetivo do tema desta peregrinação anual é ajudar as crianças a descobrir na Senhora aparecida em Fátima, a mãe carinhosa. Na edição deste ano a peregrinação das crianças pretende-se  também “despertar o sentido de gratidão pelo dom da Mãe que, por Jesus, Deus entregou a toda a humanidade”, refere numa nota o Santuário.

“Foi muito feliz aquela referência do Papa: Temos Mãe!. Isto é temos alguém que nos protege porque Maria é o rosto materno de Deus emprestado a uma mulher para que a humanidade não tivesse apenas um Pai -(os homens não conseguem ver em Deus uma mãe)” acrescenta ainda o Pe. Júlio Rocha, assinalando o facto das crianças, por vezes, serem mais sensíveis à oração a Nossa Senhora do que ao Santíssimo Sacramento.

“Embora não percebam esta linguagem teológica percebem que a relação com Maria é como quase a relação com a sua própria mãe e a imagem de Nossa Senhora (e temos de ter cuidado com as imagens) é sempre uma imagem de ternura”, conclui o sacerdote.

Uma ideia que é partilhada também pela catequista Catarina Cunha, da Fajã de Cima, na ilha de São Miguel.

“Nós fizemos uma preparação a partir dos materiais propostos pelo Santuário e nas catequeses fomos despertando o interesse por Fátima: agora eles têm a oportunidade de experimentar aquilo que lhes transmitimos. É sempre diferente” refere a catequista.

Também Lara Pereira, da Calheta de São Jorge, sublinha a importância deles viverem os ensinamentos que recebem na catequese ou na Eucaristia.

“Eles aprendem muito sobre Nossa Senhora e sobre Jesus mas aqui, neste lugar, podem ver e viver coisas que longe e à distância são mais difíceis de entender”, adianta ainda.

Mesmo longe dos pais e fora do seu ambiente natural, os 39 mensageiros de palmo e meio não escondem a satisfação pela oportunidade.

“Já tinha visto vídeos do Papa e gostava de aqui vir para ver como era tudo e perceber onde é que Nossa Senhora  apareceu aos Pastorinhos” refere Dinis Mendes, de Santa Bárbara, na ilha Terceira.

“É muito bonito, vemos na televisão mas aqui é  muito diferente e a vida dos Pastorinhos é bonita” refere Daniela Estrela,  de Santa Clara, na ilha de São Miguel

“Estou a gostar muito; aprendi a história dos Pastorinhos e a forma como foram julgados e considerados culpados pelos mais velhos” acrescenta António Dias, de Porto Martins, na ilha Terceira.

Mafalda Branco, de Porto Martins, destacou a visita ao Museu da cera que “é muito bonito e pude aprender coisas sobre os três Pastorinhos” referiu ao Igreja Açores.  Uma opinião partilhada por Maria Ávila, colega de catequese no Porto Martins e que quis vir a Fátima para “conhecer coisas novas e sobretudo a cultura deste lugar”.

A peregrinação organizada pelo MMF açoriano tem sempre esta preocupação: dar a conhecer o lugar, o acontecimento e a história da Mensagem de Fátima. E por isso, para além da participação nas celebrações religiosas há sempre uma vertente cultural associada à peregrinação nomeadamente a visita aos Valinhos (lugar da quinta aparição), Aljustrel (casas dos Pastorinhos), Museu da Cera e Casa das Candeias (núcleo museológico sobre a vida dos Santos Francisco e Jacinta Marto).

“Já aprendi que em Fátima existiram seis aparições pois eu pensava que era só uma” referiu Laura Mendes, de Santa Barbara da ilha Terceira com o entusiasmo próprio de quem quer aprender mais. Como Júlio Moniz, de Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel.

“ Gosto de conhecer pessoas e lugares. Sei que quando entrar na Casa dos Pastorinhos vou sentir alguma coisa. Eles já lá estiveram e por isso vou sentir alguma coisa” refere do alto dos seus 10 anos.

Beatriz Bettencourt e Santiago Azevedo, da Calheta de São Jorge estão focados na história e nas histórias deste lugar e dos seus protagonistas: “gostava de saber mais da vida dos Pastorinhos” refere Beatriz logo complementada por Santiago que diz prontamente “A senhora de Fátima apareceu-lhes e eles gostaram e fizeram o que ela pediu”.

 

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