Que a Igreja e as instituições aprendam a escutar os jovens

Por Renato Moura

Publicou-se, no passado dia 22, a versão em português, do texto que resulta da reunião convocada pelo Papa Francisco, que se realizou em Março no Vaticano, de mais de 300 jovens de todo o mundo, crentes e não crentes, que incluía três portugueses, mas contou com o acompanhamento de mais de 15 mil jovens, através de seis grupos linguísticos no Facebook, incluindo o português.

Este “Documento Final da Reunião Pré-sinodal” contém as sugestões tendo em vista preparar a reunião do Sínodo dos Bispos sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, que se realizará em Outubro. Trata-se de um documento extenso, que para além da introdução se divide em três partes e se desenvolve ao longo de quinze temas, expressando pensamentos e experiências de jovens provenientes de diversas religiões e contextos culturais, que eles consideram como “uma expressão de onde nos encontramos, para onde nos direccionamos e como um indicador do que a Igreja deve fazer para caminhar adiante”.

Os jovens assumem que é “um documento que reflecte as específicas realidades, personalidades, crenças e experiências dos jovens” que aspiram uma sociedade que seja coerente e que confie neles e destinado “a direcionar os bispos a uma maior compreensão dos jovens; um instrumento de navegação para o próximo sínodo dos bispos”.

Trata-se de um documento rico, que resulta principalmente de um tão alargado contributo, mas também por revelar uma evidente sinceridade e profundidade nas análises, bem como uma livre e corajosa apresentação de sugestões fundamentais. Acresce a clareza do texto e a simplicidade da linguagem.

Referimos aqui o documento apelando à sua apreciação e reflexão, fundamentalmente pelos jovens, mas também por quantos interagem com eles, sejam pais, familiares, professores, membros das organizações sociais, responsáveis dentro da Igreja.

Dos jovens, com leal lucidez:

“A Igreja deve buscar formas novas e criativas de encontrar as pessoas exactamente onde elas vivem, em lugares onde socializam naturalmente”;

“Queremos dizer, especialmente para a hierarquia da Igreja que ela deve ser transparente, acolhedora, honesta, convidativa, comunicativa, acessível, alegre e interactiva com a comunidade”.

E finalizam: “Ficamos entusiasmados por termos sido levados a sério pela hierarquia da Igreja e sentimos que este diálogo entre os jovens e a Igreja madura é um processo vital e frutuoso. Seria pena se a este diálogo não fosse dada a oportunidade de continuar crescendo! Esta cultura de abertura é extremamente saudável para nós”.

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