Representantes de nove confissões religiosas unem-se contra despenalização

O Grupo de Trabalho Inter-Religioso | Religiões-Saúde, com representantes de nove confissões religiosas em Portugal, assumiu hoje em Lisboa uma posição conjunta contra a despenalização da eutanásia.

“A possibilidade legal da morte assistida por eutanásia ou suicídio assistido equivale a empurrar para a opção pela morte”, assinala o comunicado apresentado aos jornalistas, esta manhã.

Segundo os signatários, a legalização da eutanásia “constituiria um tremendo e grave ato de demissão coletiva” perante quem sofre.

“A opção pela morte assistida, em qualquer das suas formas, a eutanásia ou o suicídio assistido, criaria condições para que, na experiência solitária e sofredora da sua fragilidade, mais facilmente pudessem encarar a morte como solução para a sua condição”, afirmam.

O Grupo de Trabalho Inter-Religioso | Religiões-Saúde tinha publicado, em 2018, a Declaração conjunta “Cuidar até ao fim com compaixão”.

Esta manhã, os responsáveis voltaram a posicionar-se, a partir da sua “experiência de proximidade aos doentes no quotidiano das instituições hospitalares”.

“Acreditamos que a inviolabilidade da vida humana, e não apenas porque é dom de Deus, e a compaixão como fundamento e norma da organização e funcionamento social das comunidades humanas constituem dois dos mais importantes valores éticos e espirituais que as religiões que representamos ofereceram ao longo dos séculos à civilização de que somos herdeiros”, pode ler-se.

Os signatários são a Aliança Evangélica Portuguesa, Comunidade Hindu Portuguesa, Comunidade Islâmica de Lisboa, Comunidade Israelita de Lisboa, Igreja Católica, Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Patriarcado Ecuménico de Constantinopla (Igreja Ordotoxa), União Budista Portuguesa e União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia.

“Os doentes acompanhados com competência e compaixão não pedem para morrer”, sustenta o comunicado.

Para os representantes das confissões religiosas, a resposta ao sofrimento passa pelos cuidados paliativos, que o Estado “tem obrigatoriamente de oferecer de modo suficiente em quantidade e qualidade, para fazer frente às necessidades neste domínio”.

“Só a universalização do direito a cuidados paliativos, que reúnem sabiamente o respeito pela inviolabilidade da vida humana, a competência clínica e a compaixão solícita para com os mais vulneráveis, salvaguardará da pressão para optar por morrer os nossos irmãos fragilizados pela solidão”, referem.

A Assembleia da República agendou para 20 de fevereiro o debate dos projetos do BE, PS, PAN e PEV sobre a despenalização da morte medicamente assistida.

Grupo de Trabalho Inter-Religioso | Religiões-Saúde vai pedir uma audiência com “caráter de urgência” ao presidente da República, ao presidente da Assembleia da República e à Comissão Parlamentar de Saúde, questionando os “equívocos e ambiguidades do presente processo”.

Em 2018, a Assembleia da República debateu projetos de despenalização da morte medicamente assistida do PS, BE, PAN e PEV, mas foram todos rejeitados.

(Com Ecclesia)

 

 

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