São João na ilha Terceira celebrado apenas com uma Eucaristia na Sé

Bispo emérito de Angra presidiu à celebração que contou com a participação do executivo camarário e alguns elementos da Assembleia Municipal para simbolicamente assinalarem as maiores festas populares da cidade e do arquipélago

Pela primeira vez, depois do sismo que arrasou a cidade de Angra em 1980, as marchas de São João não desceram a Rua da Sé. As habituais Sanjoaninas, as maiores festas populares dos Açores, foram canceladas pela autarquia, que simbolicamente articulou com a paróquia da Sé uma Missa de acção de graças para lembrar a data, que foi celebrada na Catedral diocesana, às 11h00 do dia 24 de junho, dia de São João.

A celebração na qual participaram elementos do executivo camarário e da Assembleia Municipal de Angra foi presidida pelo bispo emérito de Angra, D. António de Sousa Braga.

“Esta celebração que já se fazia antes não tinha grande relevância no contexto das Sanjoaninas porque neste dia, de manhã, havia outros eventos , mas este ano por causa da pandemia, a autarquia falou connosco e decidiu que esta Missa seria uma forma de celebrar a data”, disse ao Igreja Açores o cónego Ricardo Henriques, pároco in solidum da Sé de Angra.

“Este poderá ser um momento de introspeção para os angrenses que todos os anos estão mais virados para a festa popular” refere o sacerdote .

“Quem sabe podem aproveitar para dar um outro sentido à festa”, conclui.

As Sanjoaninas decorreriam entre 19 a 28 de junho e trariam para o centro da cidade Património Mundial, desfiles temáticos, exposições, marchas populares, concertos, desporto, gastronomia, tauromaquia e muito mais. Por avaliar está o real impacto deste cancelamento de vido à pandemia provocada pela covid-19.

Quando cancelou a festa, o presidente da autarquia, Álamo Meneses, salientou “o profundíssimo impacto” desta decisão na economia da cidade, da ilha e do arquipélago mas lembrou “que esta foi a decisão mais correta não se vislumbrando qualquer outra”, em nome da saúde e do bem comum.

Em 40 anos será a primeira vez que a imagem de São João Baptista não vai estar exposta entre a Rua de São João e a Rua da Sé, duas das artérias por onde passavam obrigatoriamente os marchantes, diante de milhares e milhares de turistas.

João Baptista nasceu perto de Jerusalém e destacou-se como pregador  no início do século I, citado pelo historiador Flávio Josefo e segundo  os autores dos quatro Evangelhos da Bíblia, João terá nascido pela mesma altura de Jesus Cristo. São João era primo de Jesus e reconhecido por ele como o maior dos profetas terrenos.

João Baptista batizou Jesus, embora achasse que ele é que deveria ser batizado por Jesus. Morreu com cerca de 30 anos, decapitado a mando de Herodes Antipas.

Há duas grandes razões para a escolha da data de 24 de junho para o celebrar: uma delas é católica, a outra é pagã.

A 24 de junho celebra-se o nascimento, de João Baptista. Um nascimento que, tal como o de Jesus Cristo, também resulta de um milagre. Como se pode ler no Evangelho de São Lucas, o sacerdote Zacarias e a sua mulher Isabel não tinham filhos porque Isabel era estéril. Já em idade avançada, Isabel recebeu a visita do Anjo Gabriel, que anunciou que ela iria conceber um bebé chamado João. Seis meses mais tarde, a sua prima Maria visita-a para lhe contar o mesmo milagre. A prima a que nos referimos é a Virgem Maria e o bebé que ela iria dar à luz, também por a anúncio do Anjo Gabriel, chamar-se-ia Jesus.

A festa começou inicialmente por ser pagã. 24 de junho coincide com o solstício de verão (o dia com o maior número de horas de luz solar do ano). Era altura de celebrar a natureza, as colheitas e mostrar adoração ao deus do Sol. Posteriormente, a Igreja Católica cristianizou a festa, que alguns registos mostram já existir desde o século XIV.

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