Semana Santa com celebrações presenciais mas sem procissões

Celebrações decorrem dentro das igrejas debaixo de fortes medidas de segurança sanitária, sobretudo em Ponta Delgada

A Semana Santa que começa este domingo e todo o período do tríduo pascal e Páscoa vão decorrer com a presença de fieis mas com limitações, sobretudo no maior concelho da diocese onde a situação sanitária imposta pela pandemia aconselha a alguma moderação no comportamento dos cristãos.

Todas as celebrações vão decorrer com a presença de assembleia mas devem observar-se as regras em vigor: uso da máscara dentro da igreja, distanciamento físico entre pessoas que não pertençam ao mesmo agregado familiar e higienização das mãos. Este continuam a não ser possíveis as procissões, sobretudo as do Senhor Morto que habitualmente percorriam as ruas das duas maiores cidades açorianas, Ponta Delgada e Angra do Heroísmo.

Além da Conferência Episcopal Portuguesa também o Vaticano deu algumas orientações claras sobre a necessidade de “mudanças na forma habitual de celebrar a Liturgia”, em nome da defesa da saúde pública.

A celebração dos últimos dias da vida de Cristo começa pela evocação da sua entrada messiânica em Jerusalém e a bênção dos ramos, que aconteceu em todo o arquipélago este domingo.

Quanto à Missa Crismal – que reúne em torno do bispo o clero diocesano -, a mesma pode ser celebrada na manhã de Quinta-feira Santa ou, segundo o costume de algumas dioceses, na quarta-feira de tarde. Em Angra, a Missa Crismal será na Sé na quarta-feira, às 20h00, mas antes já esta segunda e terça feiras, D. João lavrador estará em Ponta Delgada e na Horta, respetivamente para celebrar com o clero local a renovação das promessas sacerdotais, rito que integra a Missa Crismal.

À imagem do que aconteceu em 2020, na Missa vespertina da “Ceia do Senhor” (Quinta-feira Santa) omitirá o rito do lava-pés.

“No final da celebração, o Santíssimo Sacramento poderá ser levado, como se prevê no rito, para o lugar da reposição numa capela da igreja onde se possa fazer a adoração, no respeito das normas para o tempo da pandemia”, apontam os bispos católicos.

A Missa vespertina da Ceia do Senhor marca o início o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor

Para a Sexta-feira Santa, cita-se indicação do Missal Romano  – “em caso de grave necessidade pública, pode o ordinário do lugar autorizar ou até decretar que se junte uma intenção especial” -, pede-se que cada bispo introduza na oração universal uma intenção “pelos doentes, pelos defuntos e pelos doridos que sofreram alguma perda”.

“O ato de adoração da Cruz mediante o beijo seja limitado só ao presidente da celebração”, indica a CEP.

A Vigília Pascal, momento central do calendário litúrgico católico, “poderá ser celebrada em todas as suas partes, como previsto pelo rito”.

Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal: a bênção do fogo novo e do círio pascal; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a série de leituras sobre a História da Salvação; a renovação das promessas do Batismo, por fim, a liturgia Eucarística.

Na mensagem ao país sobre a décima renovação do segundo estado de emergência, o presidente da República Portuguesa sublinhou que a Páscoa é “um tempo de encontro familiar intenso, em particular, em certas áreas do Continente e nas Regiões Autónomas”.

“As confissões religiosas, que vão celebrar a Páscoa, sabem-no melhor do que ninguém e têm sido exemplares na proteção da vida e da saúde”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

Em declarações ao Igreja Açores, o cónego Ricardo Henriques lembra que este é um tempo de grande simbolismo.

“A morte e a crucificação  de Jesus não são um castigo de Deus, mas é o modo mais radical de Jesus entregar a sua vida pela salvação dos homens, não porque gostasse ou lhe fosse agradável mas porque humanamente não havia outro modo mais radical de amar e de possibilitar a inserção do homem no templo de Deus”, refere o sacerdote professor de Sagrada Escritura no Seminário Episcopal de Angra. E destaca particularmente o Evangelho de João, que mais do que narrar as atrocidades infligidas a Jesus procura sublinhar a imensidão do seu amor por todos e cada um de nós”.

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