Sínodo deve ser “claro” na doutrina da Igreja sobre a família

Responsável diocesano pela pastoral familiar alerta para a necessidade de se evitarem “esquemas clássicos” na abordagem da família no mundo atual.

O responsável pela pastoral familiar na diocese de Angra aguarda “com enorme expetativa” a evolução do  documento de trabalho (instrumentum laboris) da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos marcada para outubro e que foi hoje divulgado pela Santa Sé, e espera que ele possa ter  uma noção “clara, positiva e pedagógica” sobre a doutrina da Igreja à cerca da família, “acessível a todos”.

 

Em declarações ao Portal da Diocese esta quinta feira, o Pe José Medeiros Constância sublinha o facto do documento atender “à situação da Família no mundo inteiro que é muito díspar” e que a Igreja “ao constatá-lo também mostra que está atenta”.

 

Para o responsável diocesano pela Pastoral Familiar o documento hoje apresentado no Vaticano vai no caminho identificado pelo Papa Francisco na Carta enviada às famílias, solicitando “discernimento, oração e corresponsabilização no desenvolvimento de meios pastorais adequados aos nossos dias”.

 

Por isso destaca a “importância” do documento, que “é apenas um instrumento de trabalho” mas que deve apontar no sentido de uma “clareza inequívoca” no que diz respeito às situações concretas que afetam as famílias nos dias de hoje de forma a que “a doutrina da igreja consiga atender a todas elas”.

“Para desenvolver uma pastoral mais organizada e atenta aos problemas concretos e difíceis em que mergulha hoje a família, temos de corresponsabilizar as famílias tratando-as como sujeitos e não como objetos da pastoral familiar”, acrescentou, ainda, José Medeiros Constância.

 

“A igreja ainda que funcione como mãe que a todos acolhe não pode tratar de forma igual o que é diferente e por isso tem de fazer um esforço para partindo do concreto, do conhecimento real, revelar uma maior abertura, dando respostas precisas”, disse o sacerdote que do ponto de vista pessoal julga ser importante a “revisão da encíclica Humanae Vitae (Paulo VI 1968), revendo as orientações pastorais e tornando-as acessíveis a todos”.

 

“Temos de ser capazes de explicar às pessoas a beleza do que é ser um cristão casado e unido em matrimónio e a alegria que é a igreja poder acompanhar essa situação”.

 

Um desafio que lança também em termos diocesanos.

 

“Tornar a família sujeito da pastoral familiar deve ser o nosso foco pois só através da corresponsabilidade e do compromisso da própria família é que podemos agir. Se a família não estiver em ação não há pastoral familiar”, remata o sacerdote que tem procurado organizar a pastoral familiar, definindo interlocutores em cada uma das 165 paróquias e 16 ouvidorias da diocese.

 

O sacerdote deixa ainda um repto no sentido de se aproveitar o inquérito feito às famílias para estudar a situação da família nos Açores.
O resultado desse inquérito, na sequência das questões abertas enviadas pelo Vaticano a todas as dioceses do mundo católico, está num documento de 40 páginas que foi enviado para a Conferência Episcopal Portuguesa no final do ano passado, para constar da posição portuguesa sobre a problemática da família.

Na altura, apenas quatro ilhas ficaram de fora tendo-se registado “uma grande consonância entre aquilo que são as posições dos catóilicos açorianos e a doutrina da igreja sobre a família”, tendo os açorianos revelado “uma enorme tolerância relativamente às novas problemáticas resultantes da nova realidade familiar” no arquipélago.

 

A terceira assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer no Vaticano entre os dias 5 e 19 de outubro, com a participação de mais de 180 pessoas, entre presidentes de conferências episcopais, religiosos, responsáveis da Santa Sé, peritos e outros convidados. Tem como tema os “desafios pastorais sobre a família” e será seguido por uma assembleia ordinária em 2015.

Scroll to Top