Uma economia que não cuida da pessoa é uma economia que mata, diz ex ministro da Segurança Social

Bagão Félix esteve nos Açores para debater os desafios sócio-económicos do mundo de hoje e é o entrevistado do programa de rádio Igreja Açores

A sociedade atual convida à superficialidade e ao elogio do efémero e é contra isso que quem tem valores tem de reagir, afirma numa entrevista ao programa de rádio Igreja Açores António Bagão Félix

“Hoje vivemos uma espécie de sociedade de microndas, fraldas e analgésicos, isto é, não se aprofunda nada, é tudo imediato e tudo é descartável; deixou de haver memória e capacidade para suportar a dor e o sofrimento. É uma sociedade que exalta o que é novo, fácil, efémero e descartável e que não aprofunda” afirma o ex ministro da Segurança Social e ex presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz.

Na entrevista que pode ouvir na íntegra este domingo, dia 19 de janeiro, a partir do meio-dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, o economista que está nos Açores a convite do Instituto Católico de Cultura lembra a necessidade dos cristãos “não terem medo da frontalidade e de afirmarem os seus valores revelando capacidade para fazerem as perguntas fundamentais”.

A este propósito António Bagão Félix elege três desafios essenciais: “uma economia mais humana que tenha a pessoa no centro”, uma aposta no “aumento das taxas de natalidade” e o ensino da poupança.

“A economia é um meio não é um fim e o que nós vemos hoje é os próprios meios a transformarem-se em fim. A economia pode matar como nos chama a atenção o Papa Francisco” diz o economista. Por outro lado, é preciso combater os. “desiquilibrios” que resultam do aumento da esperança média de vida e da diminuição do número de nascimentos.

“É prioritário aumentar a taxa de natalidade. Lamentavelmente hoje ser velho é um fardo” avança ao lembrar que a cada dia que passa, em média, cerca de 30 pessoas idosas vivem sozinhas. “ Esta é uma forma de pobreza que apela a uma solidariedade inter-geracional que não é direcionada para ultrapassar isto”.

Finalmente a questão da poupança: “ se não houver poupança não há investimento, não havendo investimento não há crescimento. As políticas publicas não estimulam as poupanças das famílias” adianta ainda.

Durante a entrevista o economista fala ainda desse património para a humanidade que é a Doutrina Social da Igreja, que “indica caminhos, baliza-nos enquanto membros da sociedade e deve-nos estimular à acção”, dos populismos emergentes que “anestesiam” e da coragem que hoje os católicos devem ter para a afirmação dos seus valores.

A entrevista a António Bagão Félix, conduzida por Tatiana Ourique vai para o ar no domingo no programa de Rádio Igreja Açores, a partir do meio dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.

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