A escuta “é fundamental” para o exercício do jornalismo, afirma Osvaldo Cabral

Diretor do Diário dos Açores é o entrevistado do programa de rádio Igreja Açores

Quem não sabe escutar dificilmente conseguirá transmitir uma informação clara afirma Osvaldo Cabral, diretor do jornal Diário dos Açores, convidado do programa de rádio Igreja Açores que vai para o ar este domingo da Solenidade da Ascensão do Senhor, em que se assinala o 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais.

O jornalista, um dos decanos do jornalismo nos Açores, analisa a mensagem do Papa para este dia, alertando para a necessidade da escuta.

“O apelo e a mensagem é muito atual quando se fala na necessidade de saber escutar” lembra o jornalista; “ quem não sabe escutar não sabe transmitir e quando o Papa diz que saber escutar a sociedade é a mais preciosa das coisas, ele está exatamente a levar-nos para aquele caminho pelo qual nós profissionais da informação lutamos todos os dias”.

Osvaldo Cabral sublinha a importância da escuta das pessoas e das suas histórias e lembra que apesar das dificuldades não há outra alternativa para um bom jornalismo.

“Às vezes é difícil e espinhoso o caminho da escuta, mas é preciso paciência e talento para escutar  e , por vezes, escutar mais do que uma vez, escutar mais do que uma voz, exercendo o contraditório. Só assim se vai criando uma informação mais séria e mais credível” refere o jornalista.

Sobre a relação entre a Igreja e a comunicação Social, o diretor do Diário dos Açores recorda que é uma relação necessária.

“A presença da igreja nos media é muito importante e os media, particularmente nos Açores têm essa tradição de manter uma proximidade dando espaço à igreja o que confirma a sua relevância” disse o jornalista lembrando o exemplo do seu jornal onde a Pastoral Juvenil tem um suplemento semanal.

Por isso, quando questionado sobre alguma perda de relevância da Igreja ao alienar determinados órgãos de informação conclui: “é claro que a igreja perde uma parte da sua voz, da voz que controla mas isso é compensado por uma presença regular na comunicação social” dita generalista.

O jornalista faz notar, contudo, que nem tudo está bem.

“O evangelho precisa de ser adaptado à nova gramática da comunicação, descendo do púlpito e indo ao encontro do publico para se reinventar nas formas de se dizer” afirma destacando que é preciso que a Igreja esteja atenta às novas tecnologias e à forma como a comunicação é feita hoje.

“A presença da Igreja nos media ajuda promover o conhecimento com a difusão dos valores cristãos e rompe com o isolamento a que muitos membros da igreja se impõem a si próprios. Esta relação é boa e fico contente quando vejo que a Igreja está também a entrar noutras plataformas e linguagens no sentido de comunicar e informar melhor”, refere, ao deixar referências elogiosas á forma como a Igreja nos Açores se posiciona na comunicação social

“É um excelente instrumento de informação e comunicação, até para nós jornalistas, como fonte; este programa de rádio… são novas formas da igreja se posicionar nos media e isso tem muitas vantagens”, embora por vezes o envelhecimento de algumas comunidades “possa fazer com que se atrase”.

“A comunicação deve fazer-se com o coração mas também com o cérebro, mantendo sempre alguma distancia”, referiu ainda a propósito da mensagem do Papa para o 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais, no qual fala sobre o problema da desinformação; de um certo alheamento da Igreja em relação à sociedade, entre outros assuntos.

O programa de rádio Igreja Açores vai para o ar este domingo, depois do meio dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.

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