Bispo de Angra denuncia cultura que promove “a opinião pessoal” e se deixa influenciar “por interesses particulares ou de grupo”

D. João Lavrador presidiu à celebração da Quarta-feira de cinzas na Sé de Angra

O Bispo de Angra exortou hoje os diocesanos a não descansarem na luta contra uma cultura que promove os interesses particulares em vez da dignidade humana e do bem comum, durante a celebração de Quarta feira de cinzas, na Sé de Angra do Heroísmo.

“Não se pode descansar numa cultura que promove a opinião pessoal ou que desvia a inteligência humana da sua nobre missão de busca da verdade para a manipular para interesses particulares e de grupo. Sem a segurança dos fundamentos, a pessoa humana fica à deriva e de autor transforma-se em vítima de si mesma e das suas próprias descobertas” referiu D. João Lavrador.

Durante a homilia da missa de Quarta feira de Cinzas, celebrada na catedral, o bispo titular da diocese insular lembrou a importância de não se perder de vista o bem comum. E deixou uma interpelação aos “decisores públicos” para que tomem o respeito pela dignidade humana como “o centro das suas decisões”.

“A Palavra de Deus ao mesmo tempo que faz apelo à conversão, ao jejum e à esmola, adverte para a mudança de coração quando nos afirma: «rasgai o vosso coração e não as vossas vestes»” referiu o prelado.

“Temos de rasgar o nosso coração para deixar entrar a Deus, que é misericórdia e bondade, mas também para deixar entrar os pobres, os desempregados, os famintos, os excluídos social, económica e religiosamente, os presos e tratá-los com o coração”, adiantou ainda D. João Lavrador.

Durante a celebração esta tarde, o bispo de Angra referiu-se à Quaresma, que hoje se inicia, como uma “entusiasmante caminhada para a Páscoa de Jesus Cristo e para a renovação da Vida Nova da qual participamos pelo Baptismo”.

“Cada um de nós e cada comunidade cristã tem absoluta necessidade de se reconciliar com Deus. Pelo baptismo somos chamados a viver como filhos de Deus, a viver uma vida de compromisso comunitário alicerçada na Eucaristia e a comprometermo-nos na missão da Igreja e na transformação do mundo oferecendo-lhe um testemunho credível do Evangelho de Jesus Cristo” precisou.

Dirigindo-se a todos os diocesanos, D. João Lavrador questionou o “Quão afastados estamos deste objectivo” e interpelou-os “a viver a verdadeira identidade cristã e a realizar a experiência vivencial que nos ofereça a alegria e a esperança própria de quem se propõe viver a Vida Nova de Cristo”.

Neste ano, em que a diocese se empenha num compromisso ainda mais eficaz para com os marginalizados, o prelado fez saber que a renuncia quaresmal será destinada ao fundo diocesano de apoio às crianças em extrema pobreza.

“Apelamos à generosidade de todas as pessoas para podermos aliviar o sofrimento das pessoas que padecem, neste caso, das crianças que se encontram a ser vitimas de pobreza extrema”, concluiu.

A Quaresma, iniciada hoje, é um período de 40 dias marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.

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